Já lá vai o tempo em que a harmonização entre vinhos e gastronomia parecia ser um assunto consensual e que se resumia a branco para peixe, tinto para carne e queijos, Espumante/Champanhe para épocas festivas e vinho do Porto para acompanhar sobremesas em épocas especiais do ano…
Hoje, a grande diversidade de vinhos de qualidade no nosso país, aliada a uma gastronomia cada vez mais rica e variada gera um potencial de combinações e interpretações enorme, onde nem sempre Chefs, Enólogos, Sommeliers e Enófilos estão de acordo.
Claro que continuam a existir combinações mais consensuais, que geram maior concordância, como as que estão ligadas a tradições e hábitos culturais: poucas pessoas se questionam sobre as harmonizações Espumante/Leitão à Bairrada, Lampreia do Rio Minho/ Vinho Verde tinto, perdiz/ tinto Alentejano ou mais internacionalmente Foie Gras/Sauterne. Mas mesmo estas não são vinculativas, podendo perfeitamente cada um destes vinhos ser substituído por outros que vão, também, harmonizar perfeitamente com o prato respetivo.
Os vinhos brancos são um bom exemplo de uma infinidade de casamentos gastronómicos. A revolução tecnológica das últimas décadas na enologia, associada a um conhecimento cada vez maior e profundo das castas e terroirs fantásticos que temos no nosso País, tem levado à produção de brancos muito diversos e de alta qualidade em todo o País. Podem ir de brancos muitos jovens, leves e frutados que servem de aperitivo ou acompanham conversas de esplanada; a vinhos que, ainda que jovens, mas já com mais nervo e personalidade, acompanham na perfeição peixes grelhados e mariscos; até vinhos brancos muito mais complexos, estruturados e gastronómicos, com estágio em madeira e/ou garrafa, e que dependendo das suas caraterísticas especificas, podem casar na perfeição com alguns pratos de carne e muitos queijos.
E o mesmo raciocínio se podia fazer para os tintos, para os rosés, para os Espumantes… pois em quase todas as categorias de vinho, encontramos diferentes perfis, com características próprias, que lhes permitem combinar na perfeição com determinada experiência gastronómica, gerando uma liberdade de escolha enorme.
Se, por um lado, há quem avalie e combine tecnicamente baseando-se nas características intrínsecas do prato e do vinho, outros fazem-no baseando-se na intuição e gosto pessoal. Uns procuram um vinho para um determinado prato, outros escolhem primeiro o vinho, pensado qual o prato que melhor casa com esse vinho.
O que é realmente importante é que bebamos o que nos estiver a apetecer mais num determinado momento, pois lá diz o ditado: “Gostos não se discutem, mas nada se discute mais que o gosto!”.