“A primeira coisa que costumo fazer, em jeito de prospeção de mercado, é perguntar ao taxista, assim que saio do aeroporto numa cidade, se conhece a Engel&Völkers”, atira Juan-Galo Macià, CEO da companhia para Portugal, Espanha e Andorra. “E aqui, ele só conhecia a Remax ou a Era”, continua divertido o responsável antes de anunciar o investimento de 1,3 milhões de euros que a empresa se prepara para fazer no País.
Depois de renegociada a licença master que a Engel&Völkers tinha em Portugal desde o ano 2006, a companhia decidiu entrar em força no território nacional para assentar arraiais em Lisboa e tentar que a faturação do país duplique já em 2019. Durante um encontro com jornalistas no Chiado, Juan-Galo explicou que o objetivo é abrir um market center – um conceito inaugurado pela agência e que é aplicado em cidades com 500 mil ou mais habitantes – e expandir a rede de franquias das atuais 12 para 20, com especial enfoque na região Norte. Este market center vai ter uma gestão de 15 pessoas – ainda em seleção – que apoiarão os 150 agentes que a Engel&Völkers quer ter no terreno nos próximos meses.
O conceito é simples: este open-space disporá de cerca de 50 postos de trabalho para os consultores imobiliários, que trabalham em regime de free-lance para a companhia alemã, após a assinatura de um contrato que lhes permite ter a exclusividade de algumas zonas. “E, na nossa empresa, o que partilhamos com os nossos agentes pode chegar a 75% da comissão que recebemos”, garante Juan-Galo Macià num espanhol rápido e enérgico.
O market center terá ainda espaço para a Academia Engel&Völkers e para salas de reuniões e escritórios. “Gostava muito que este espaço fosse na Avenida da Liberdade, e com um andar que nos permitisse abrir as portas a quem passa mas” – admite com uma gargalhada – “os preços estão um pouco altos”.
Atualmente com escritórios no Restelo e no Parque das Nações, Juan-Galo mantém-se otimista, mas acredita que em caso de necessidade a administração da empresa lhe dará um pouco mais de orçamento para conseguir implementar o projeto como gostaria. “Só temos de apresentar resultados”, nota.
Isto significa garantir uma faturação a rondar os 10 milhões de euros – apesar de não querer falar em números exatos. Mas uma vez que a faturação ibérica foi de 105 milhões de euros no ano passado, e que tanto Juan-Galo como Constanza Maya, responsável de expansão e apoio aos mercados de Espanha e Portugal, admitem que Portugal só pesa 5% neste valor, as contas são fáceis de fazer. Em termos globais, a empresa alemã de imobiliário de luxo faturou 667,8 milhões de euros no ano passado.
Mercado ainda pode crescer
O CEO para a região admite que os preços das propriedades em Portugal se aproximam cada vez mais dos praticados em outras capitais europeias, mas rejeita a ideia de ter chegado tarde. “Chegaria atrasado se quisesse ter retorno no curto prazo. Mas a nossa presença é a longo prazo. A 15, 20, a 30 anos. Espero reformar-me com a atividade ainda a correr em Portugal”, diz em jeito de brincadeira o gestor de 43 anos. Juan-Galo sublinha ainda que atualmente os clientes são mais informados e perguntam imediatamente por taxas de rentabilidade e tempo de retorno de investimento, o que é um sinal de amadurecimento de mercado.
Em 2012, quando chegou a Barcelona para abrir a agência número 500, também se acreditava que o imobiliário já não tinha mais por onde crescer. “Na altura tínhamos franquias pertencentes a pessoas que não se conheciam nem tinham qualquer relação. Em 2013 lançámos o primeiro market center da Engel&Völkers, precisamente em Barcelona. Passámos de uma faturação de 400 mil euros para uma de milhões de euros…” atira a título de exemplo para explicar que é este conceito de formação constante, interação entre pares e uma gestão centralizada que permite ter mais músculo. Para além disso, a distribuição de zonas pelos agentes é feita tendo em conta um equivalente potencial de negócio – e não o número de fogos – para que todos tenham as mesmas possibilidades em termos de remuneração.
“O imobiliário em Portugal vai de vento em popa. Temos que fazer um arranque fantástico e tudo correrá bem”, acredita ainda o gestor que quer estar com a operação totalmente montada no País até ao final do primeiro semestre de 2019. Para já, a empresa está a recrutar agentes que “só têm de ser os melhores”, remata.