A Bresimar Automação, a Samsys e a Hilti foram consideradas as três empresas mais felizes em Portugal na edição deste ano da Empresas Felizes 2018, numa iniciativa que distinguiu mais sete firmas com o galardão e elegeu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como o “Happy Boss” do ano, como exemplo de liderança e inspiração para o País.
Com 57 trabalhadores e sede em Cacia, Aveiro, esta é a segunda vez (a primeira foi em 2016) que a Bresimar vence esta distinção do projeto Happiness Works, promovido pela Lukapp em parceria com a Universidade Atlântica e com a Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG). “O sucesso da Bresimar é notável e é graças às pessoas que se identificam com a nossa cultura e valores. O mais importante é o exemplo vir de cima,” disse Rosário Breda, CFO da empresa, durante a cerimónia de entrega dos prémios que decorreu esta terça-feira, 29 de maio, em Paço de Arcos.
A Bresimar, que este ano já contratou mais de dez pessoas, destacou como motivos para a satisfação da equipa as várias iniciativas levadas a cabo no local de trabalho e fora dele, como ações de team building, eventos temáticos ou momentos de lazer, que levam os trabalhadores a destacar valores associados à cultura da empresa como a harmonia, espírito de entreajuda e vontade de trabalhar, explicou Carolina Breda, gestora de recursos humanos.
Entre os compromissos da companhia para com a felicidade dos colaboradores está, em 2019, a construção de um novo pavilhão no complexo industrial da firma destinado a ser um espaço social. A Bresimar tem ainda em curso um plano de sucessão familiar que pretende transmitir a mensagem de que será dada continuidade à felicidade e à sustentabilidade na organização.
Cem empresas, quase 4 000 colaboradores
A edição de 2018 das Empresas Felizes – que voltou a contar com a EXAME como media partner -, teve por base um inquérito respondido por quase quatro mil colaboradores (3 933) junto de 100 empresas. E foram estas respostas que destacaram a empresa de consultoria e soluções tecnológicas Samsys como segunda mais feliz, uma distinção que Samuel Soares, líder empresa, saudou: “É uma equipa que me enche o coração de alegria, trabalha todos os dias para se superar a si mesma.”
Junto dos 55 colaboradores, a Samsys cultiva valores como energizar, reconhecer, surpreender, celebrar e envolver – foi o que aconteceu no desenho do layout da nova sede, em que foram tidas em conta as opiniões dos trabalhadores, por exemplo. “Na Samsys, RH não quer dizer recursos humanos, quer dizer: recrutamos humanos,’ afirmou o diretor-geral da empresa fundada em 1997 e que faturou 3,5 milhões de euros no ano passado.
À semelhança dos últimos dois anos, em 2018 o estudo colocou o índice de felicidade profissional nas empresas auscultadas em 3,8, numa escala que vai até 5, e depois de em 2014 ter tocado o valor mínimo (3,4) na série que se iniciou em 2012, primeiro ano da iniciativa. O ambiente interno, o reconhecimento e a confiança e desenvolvimento pessoal representam mais de 50% da felicidade nas organizações, segundo a Happiness Works, enquanto os aspetos relacionados com a remuneração representam apenas 10% do conjunto.
Como sintetiza Georg Dutschke, da Happiness Works, “somos mais felizes na função do que na organização onde estamos – é uma constante dos últimos anos. Somos mais intra-empreendedores nos últimos anos porque as organizações hoje têm mais preocupação em ouvir pessoas, possibilitar que proponham ideias.” Tiago Freire, diretor da EXAME, acompanhou: “As empresas felizes precisam de pessoas empenhadas e preocupadas com o bem comum.”
Terá sido este um dos condimentos que permitiu que, pelo quarto ano consecutivo de participação, a Hilti Portugal tenha conquistado em 2018 a distinção de terceira empresa mais feliz do País. A companhia, que desenvolve software, ferramentas e tecnologias para a construção civil, fechou 2017 com 4,7 mil milhões de euros de receitas a nível global e tem 105 colaboradores a nível nacional.
“Estamos aqui pelos nossos colaboradores, acreditamos neles. Valorizamos pessoas de forma transparente, dizendo o que está bem e mal”, afirmou Ricardo Santos, diretor financeiro e de recursos humanos da Hilti Portugal, que salientou a coragem, a integridade, o compromisso e o trabalho em equipa como pilares da empresa.
TI no topo, Estado continua na base
Este ano o setor da comunicação e da informação (que inclui as tecnológicas), foi considerado aquele onde os colaboradores consideram ser mais felizes, com 4,1 valores (na escala que vai até cinco), substituindo o da construção e imobiliário no top. Na ponta oposta ficou o emprego no Estado, onde o índice ficou em 3,3, mantendo-se desde o início como o setor que os colaboradores associam a uma menor felicidade. Georg Dutschke não se surpreende com a liderança das tecnológicas: “São as empresas que têm de criar melhores condições e bem-estar para manter os trabalhadores”, associados a grupos etários mais jovens.
O quarto lugar da lista foi atribuído à Solfut, empresa de formação e consultoria que “treina pessoas para o êxito.” Com 67 consultores, registou mais de um milhão de euros de faturação em 2017, uma subida anual de mais de 100%. Na McDonald’s Portugal, a quinta classificada, a organização destacou os “6.200 motivos para ser feliz” quando recebeu o prémio, referindo-se aos trabalhadores da empresa que conta 27 anos e 163 restaurantes em Portugal: “A nossa felicidade assenta em trabalho em equipa, no desenvolvimento pessoal e no reconhecimento.”
O peso das tecnológicas evidenciou-se em todo o ranking. Veja-se no sexto lugar a Altronix, que distribui e comercializa produtos identificação automática, onde a equipa, hoje com 53 pessoas, “tem vindo a crescer sem nunca descurar a importância dos seus trabalhadores.” A SmartConsulting – consultora de TI – é a sétima empresa mais feliz “porque prioriza as pessoas e as suas necessidades e porque comunica com todos de forma transparente.”
Com mais de 11 anos de experiência, a PrimeIT estreou-se na lista, em oitavo lugar. São mais de 1 500 profissionais espalhados por mais de 50 cidades e 12 escritórios na Europa, com uma faturação de 80 milhões de euros. “Levamos a felicidade muito a sério, apostamos na inovação e felicidade dos colaboradores,” resumiu Joana Leal, a diretora executiva.
Intangível conta cada vez mais
Da mesma forma que os consumidores se guiam cada vez mais pelas componentes intangíveis para definir as suas opções de compra – privilegiando mais a experiência associada ao produto do que o produto em si – o mesmo acontece dentro das organizações. “As pessoas querem trabalhar de forma diferente, valorizam o tempo de forma diferente. As pessoas já não sentem que trabalhar seja um dever, mas um prazer. A companhia tem de alinhar o que quer o cliente, o empregado e a empresa,” defendeu Rafael Vara, CEO Lukkap, durante a iniciativa.
Olhe-se então para o “ambiente descontraído mas ‘pro’”, que valeu o nono lugar à PHC Software, que desenvolve soluções inovadoras gestão desde 1989 e tem 180 colaboradores em cinco países, enquanto a Mindsource, com 170 talentos e 5,8 milhões de euros de faturação, fechou a tabela. Considera-se uma ‘people’s company’, aposta na valorização e desenvolvimento dos talentos e tem a “ambição de que as pessoas sejam felizes e detentoras de um sentimento de pertença.”