O mercado de trabalho português continua a recuperar, mas ainda não regressou aos níveis pré-crise financeira. Segundo os dados publicados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em março deste ano havia 4,78 milhões de portugueses empregados. Menos 176 mil do que em igual mês de 2008.
A comparação relativiza os fortes ganhos recentes. Nos últimos cinco anos, foram criados mais de 500 mil postos de trabalho em Portugal. Os últimos dois meses são um bom exemplo, com um crescimento do emprego em fevereiro (11 mil pessoas) e março (28 mil).
Do lado do desemprego, as notícias também continuam a ser positivas. A taxa de desemprego de março – valor provisório – fixou-se em 7,6% (valor não ajustado de sazonalidade). Menos 0,4 pontos percentuais do que em fevereiro e menos 2,4 pontos face ao mesmo mês de 2016. Para encontrar um valor mais baixo é necessário recuar 14 anos até meados de 2004. Isso significa que, no espaço de um ano, há menos 123 mil desempregados em Portugal.
A evolução é impressionante e é acompanhada pela recuperação do emprego. No entanto, nesse capítulo, há muito mais para recuperar. Os números do INE mostram que o mercado de trabalho português ainda não regressou ao nível pré-crise. Ao longo da primeira década deste século, a população empregada rondou quase sempre os 4,9 milhões de pessoas, até se começar a sentir o sismo do colapso financeiro global, que se haveria de transformar numa crise económica.
O emprego em Portugal afundou até um mínimo de 4,26 milhões, atingido em janeiro de 2013. A partir desse ponto iniciou-se um período de recuperação, que se acentuou no último ano e meio. Hoje, existem 4,78 milhões de pessoas com emprego, o que ainda está 176 mil abaixo do nível de março de 2008.
Se olharmos para a taxa de emprego, observamos uma tendência semelhante, embora mais próximo do valor pré-crise. Depois de ter afundado até menos de 54% da população ativa, o indicador recuperou até mais de 61%. Nesse caso já muito próximo do nível que existia antes da crise (próximo dos 62%).
Ou seja, existe praticamente a mesma proporção de pessoas a trabalhar, mas como Portugal sofreu uma quebra de população – seja por via natural, seja devido aos fortes fluxos de emigração – em termos absolutos continuamos longe do nível anterior.
Menos pessoas a trabalhar significa menos gente a contribuir para o processo produtivo e de criação de riqueza no país. Além disso, é também o reflexo de um país demograficamente vulnerável, que atravessa um processo preocupante de envelhecimento.
Correção: inicialmente, o texto referia que faltam 176 mil empregos para o valor de março de 2009. O ano correto é 2008.