A agência de notação financeira DBRS voltou a subir esta sexta-feira, 20 de abril, o rating da dívida do País. A melhoria foi de um nível, passando de “BBB low” para “BBB” com um outlook estável. É um novo upgrade do rating nacional, depois de em novembro do ano passado ter sido melhorada a perspetiva da nota.
Segundo a Lusa, que cita a agência canadiana, na base da melhoria esteve o entendimento de que houve uma melhoria da sustentabilidade da dívida portuguesa, suportada pela consolidação das finanças públicas que é “mais duradoura”.
Segundo a agência noticiosa, a DBRS recorda que, depois de estabilizar em torno dos 130% entre 2014 e 2016, a dívida pública em percentagem do PIB caiu para 125,7% e “projeta-se que continue a cair”.
O primeiro-ministro, António Costa, reagiu entretanto na rede social Twitter, considerando a decisão um “estímulo” para que o Governo prossiga o seu trabalho: “A DBRS subiu o ‘rating’ de Portugal para BBB com perspetiva estável. Uma excelente notícia que nos estimula ainda mais para continuarmos a trabalhar”, escreveu.
Durante vários anos a notação da canadiana DBRS, colocando as obrigações lusas em terreno de investimento, era a única a assegurar a elegibilidade da dívida portuguesa para o programa de compra de dívida do Banco Central Europeu, um dos instrumentos de política ultraexpansionista de Frankfurt para a zona euro.
Já outra agência, a Moody’s, que se esperava que esta sexta-feira, pudesse rever a sua classificação, não o fez. Em setembro do ano passado a instituição tinha melhorado a perspetiva da dívida para outlook positivo, o que fazia antecipar uma subida do rating no espaço de 18 meses – o que para já não aconteceu.
“Claro que quando há uma perspetiva positiva, ela exerce uma pressão para a revisão em alta do rating”, tinha afirmado sobre Portugal, em fevereiro, o vice-presidente responsável pela avaliação do risco soberano da Moody’s, Evan Wohlmann, em declarações à Lusa em fevereiro passado, o que aumentou a expetativa de que pudesse haver uma melhoria esta sexta-feira.
A Moody’s é assim a única das três grandes agências de rating ainda a considerar a nota de Portugal no patamar de investimento especulativo. A última vez que mexeu no rating foi em julho de 2014 e três anos antes, em 2011, tinha sido a primeira a considerar as obrigações portuguesas com grau “lixo” de investimento, na sequência dos receios em torno do resgate internacional a Portugal.
A primeira das três grandes agências a fazer Portugal regressar a nível de investimento foi, em 15 de setembro do ano passado, a Standard & Poor’s (para BBB- com perspetiva estável), seguida da Fitch – que dois meses depois fez subir a notação em dois ‘notches’ para BBB, também com outlook estável.
Na altura, a justificar as mexidas estiveram estimativas de crescimento mais positivas, redução do défice e do risco de deterioração de financiamento externo (caso da S&P) e os progressos verificados na descida da dívida pública (motivo invocado pela Fitch). Estas duas subidas fizeram com que a dívida do País regressasse aos radares dos principais fundos de investimento internacionais, particulares ou soberanos, onde se incluem por exemplo fundos de pensões.