Os receios do impacto de uma guerra comercial entre as duas maiores potências do mundo, ontem inflacionados por novas retaliações por parte de Pequim, deram às bolsas norte-americanas o pior início de um mês de abril desde a Grande Recessão, e estenderam esta terça-feira a tendência negativa à generalidade das bolsas asiáticas e europeias.
Depois das tarifas aplicadas por Washington à importação de aço e alumínio e a outras dezenas de produtos a partir da China, o governo de Pequim respondeu com o aumento de taxas à entrada de mais de uma centena de produtos provenientes dos Estados Unidos, nomeadamente agrícolas, que pode ter um impacto de 3.000 milhões de dólares (cerca de 2.500 milhões de euros à cotação atual).
A perspetiva de incerteza penalizou os mercados norte-americanos na primeira sessão de abril, levando os principais índices de ações a caírem entre os 1,9% do Dow Jones e os 2,74% do tecnológico Nasdaq Composite, onde os recuos da Amazon e da Tesla pontuaram, com quedas superiores a 5%.
A retalhista liderada por Jeff Bezos afundou castigada por acusações do presidente Donald Trump de que estará a causar perdas monetárias ao serviço postal dos EUA, enquanto o fabricante de carros elétricos refletiu notícias negativas envolvendo um acidente com uma viatura da marca, a recolha de 123 mil veículos por motivos técnicos relacionados com a direção e uma mentira de 1 de abril, lançada nas redes sociais pelo fundador Elon Musk, segundo a qual a empresa estaria falida.
O S&P 500, o mais transversal e representativo dos índices terminou a cair 2,23%, naquele que foi o pior início de um mês de abril desde a Grande Recessão, em 1929, de acordo com a S&P Global, citada pela CNN.
Contudo, esta manhã a negociação dos futuros em Wall Street sinalizava uma recuperação no início da sessão logo mais em Nova Iorque, um dia em que o mercado vai contar com a entrada de uma nova cotada, a Spotify. A plataforma tecnológica conhecida pelo seu serviço de streaming de música chega à bolsa através de uma oferta direta de ações ao mercado – e não um IPO, em que levantaria novo capital para se financiar.