O banco alemão Deutsche Bank anunciou esta terça-feira que vai vender os negócios de banca comercial e de private banking em Portugal aos espanhóis do Abanca, sediado na Galiza, naquilo que diz ser a continuação da estratégia de reduzir a complexidade da sua estrutura e estreitar as áreas de ação.
Em causa estão 41 centros de negócios sobretudo em Lisboa e Porto (incluindo quatro centros de investimento e dois balcões de banca privada) e uma carteira que totaliza 6.500 milhões de euros, dos quais 1.000 milhões em depósitos, 2.400 milhões de euros em créditos e 3.100 milhões fora do balanço da instituição, de acordo com uma nota de imprensa do Abanca.
Com a aquisição, o Abanca recebe uma carteira de 50 mil clientes, bem como uma equipa de 330 colaboradores e 100 agentes externos. O valor da transação não foi divulgado, mas o banco refere que deverá estar concluída no primeiro semestre de 2019. “A operação integra-se na estratégia internacional do Abanca de crescer em mercados e segmentos complementares do seu projeto,” lê-se na nota.
O banco galego espera que o reforço da presença no mercado português permita potenciar o seu modelo de negócio, “especialmente em empresas e seguros.” A aquisição deverá permitir aumentar em 20% as receitas por comissões cobradas, antecipa. “Uma vez terminada a integração, o Abanca reforçar-se-á num mercado como o português, em que espera crescimentos positivos nos próximos anos, acompanhados de uma recuperação do emprego,” acrescenta a nota.
O Abanca foi criado em 2011 na sequência da fusão da Caixa de Aforros de Vigo, Ourense e Pontevedra e da Caixa de Aforros de Galicia. Segundo a informação no seu site, a instituição tem quatro balcões em Portugal (Braga, Lisboa, Porto e Viana do Castelo, vocacionados para as empresas), que empregam mais de 40 colaboradores, além do serviço de banca eletrónica. Em Espanha tem cerca de 700 agências e 4.600 colaboradores.
No ano passado, o banco espanhol registou lucros de 367 milhões de euros, um aumento de 10% em relação a 2016. O volume de negócios total ascendeu a 65,5 mil milhões de euros e a concessão de crédito subiu 7,8% para 27,6 mil milhões de euros.
Em Portugal, de acordo com informações do site do Deutsche Bank, a instituição que está presente há 40 anos no país conta cerca de 60 estruturas, entre centros financeiros, de investimento ou de promotores. No ano passado, os lucros antes de impostos da operação portuguesa caíram 78% para 7 milhões de euros, explicado pela não repetição em 2017 de um resultado extraordinário positivo ao nível das imparidades, registado em 2016. O produto bancário subiu 4,4% para 56,9 milhões de euros.
“A área de retalho do Deutsche Bank Portugal terminou o exercício de 2017 com os lucros antes de impostos a ascenderem a 15,1 milhões de euros, contra 31,4 milhões de euros em 2016, verificando-se, neste caso, a libertação de provisões no último ano respeitantes à atividade de retalho e que resultaram de especificidades decorrentes de critérios regulamentares na contabilização de provisões”, referia o banco em fevereiro, citado pela Lusa. Vendendo o retalho, o banco alemão conserva no entanto as operações de corporate banking e de banca de investimento em Portugal, nota no comunicado de hoje
Há menos de dois anos, a digitalização crescente das transações bancárias foi a justificação do banco para uma reestruturação em Portugal, que passou pelo encerramento de 15 agências e a abertura de seis centros de investimento, além da saída de alguns trabalhadores. Na altura, o banco empregava cerca de 400 pessoas.