A Remington, considerada a mais antiga fabricante de armas dos Estados Unidos da América, entrou em insolvência este domingo, depois de vários meses de queda nas vendas e numa altura em que cresce a resistência ao uso de armas depois de vários ataques em solo norte-americano.
Segundo a Reuters, por detrás do pedido de insolvência está um ano de recuo no volume de negócios e dificuldades de cumprir as suas responsabilidades para com os credores. Há cerca de um mês e meio a empresa tinha chegado a acordo para reduzir a sua dívida de 950 milhões para dólares para cerca de 250 milhões.
A Cerberus Capital Management, que há 11 anos detinha a Remington, deixará de ser dona da empresa com o processo de insolvência, esperando-se que os credores assumam o controlo da companhia, convertendo dívida em capital. A companhia foi fundada em 1816 e tem 3.500 empregados.
A notícia da insolvência chega um dia depois de dezenas de milhares de pessoas se terem juntado em Washington em protesto contra a violência armada e a facilidade do acesso a armas de fogo nos EUA, na sequência do ataque de fevereiro passado a uma escola de Parkland, na Florida, que fez 17 mortos. Nas últimas semanas, várias cadeias de distribuição – como a WalMart – apertaram o crivo nas condições de venda de armas ao público, nomeadamente estabelecendo limites mais rígidos em relação à idade dos clientes.
O The Wall Street Journal recorda que a venda de armas disparou nos meses anteriores às eleições de novembro de 2016 nos EUA, na expetativa de que – o que não veio a suceder – Hillary Clinton pudesse ganhar a corrida e, com isso, tentar limitar o direito de posse de arma. Já em 2017, não se tendo materializado os receios de bloqueio à venda, as transações de armas produzidas pela Remington terão caído a pique, deixando a empresa com perdas operacionais de 28 milhões de dólares.
A Remington fabrica, entre outras, uma semiautomática semelhante à AR-15, a arma de fogo fabricada pela Smith&Wesson que o atirador da escola da Florida usou para matar 17 pessoas e ferir mais de uma dezena de outras e que tem sido apontada como a “arma de eleição” nos massacres levados a cabo nas escolas norte-americanas nos últimos anos. A Bushmaster AR-15 foi usada no massacre de Sandy Hook no Connecticut, onde morreram 26 pessoas.