O investimento do fundo soberano norueguês – considerado o maior do mundo – em ações em Portugal estava avaliado em cerca de mil milhões de euros no final do ano passado, o valor mais elevado do histórico disponibilizado pela instituição, cuja série começa em 1998.
Segundo os dados disponibilizados esta terça-feira, 27 de fevereiro, o investimento feito pelo Norges Bank em 22 ações detidas em Portugal terminou 2017 estimado em 9.583 milhões de coroas (cerca de 994 milhões de euros à cotação atual), que contrasta com 6.885 milhões de coroas em 2016 – uma subida anual de 39,2%.
Os investimentos com maior avaliação estavam na EDP (2.755 milhões de coroas norueguesas), na Galp (1.453 milhões de coroas norueguesas) e na Jerónimo Martins (1.166 milhões de coroas norueguesas). Sonae Capital e Impresa foram as novas adições em relação ao ano anterior, num ano em que o PSI-20, principal índice de ações nacional, registou uma subida de 15,2%.
Entre os 22 títulos, em apenas três se registou descida da avaliação do investimento (BPI, CTT e EDP Renováveis), ações nas quais o fundo reduziu a sua participação de um ano para o outro, tendo 2017 sido marcado por uma queda de 45,2% no valor das ações da empresa postal e por uma subida de 15% no caso da renováveis.
Entre aqueles em que o investimento mais subiu destaca-se o BCP, levando o valor investido a 717,9 milhões de coroas (sete vezes mais do que os 95,36 milhões de 2016), no ano em que a ação valorizou 47,5% em bolsa. No mesmo período, a posição do fundo no banco liderado por Nuno Amado reforçou-se de 1,25% para 1,78%.
Mas foi o investimento na Mota-Engil que maior salto registou de um ano para o outro, com o valor de mercado da posição a disparar mais de 17 vezes para 141 milhões de coroas, enquanto a avaliação da posição na Corticeira Amorim cresceu sete vezes. Nestes dois últimos casos, de um ano para o outro, o Norges Bank reforçou a sua participação nos títulos, fazendo-a crescer mais de seis vezes.
Além do investimento em ações, o fundo soberano tinha ainda investidos 5.179 milhões de coroas norueguesas – pouco mais de 500 milhões de euros – em instrumentos de dívida, nomeadamente de bancos, empresas públicas e dívida soberana. Neste capítulo ocorreu a maior parte do investimento (3.777 milhões de coroas norueguesas), no quarto ano consecutivo de reforço e que levou a um máximo desde 2008, ano em que detinha títulos avaliados em 14.000 milhões.
Entre os bancos, é no Santander Totta que se encontra o maior investimento – 421 milhões de coroas norueguesas) , seguido dos 202 milhões da Caixa Geral de Depósitos e dos 198 milhões do Montepio. Nas entidades públicas, a CP aparece à cabeça dos investimentos – 233 milhões de coroas.
No final de 2017, o Norges Bank estava presente no capital de 9146 empresas em 72 países, concentrando-se os investimentos na América do Norte (41%) e Europa (36%). O ano terminou com um retorno de 19,4% do investimento feito em ações, com a China (43,4%), a Coreia do Sul (36%) e a Alemanha (25,5%) a apresentarem dos melhores retornos. Os setores das tecnologias, da indústria e das matérias-primas revelaram-se as melhores apostas.
O fundo soberano da Noruega é alimentado pelas receitas da exploração dos recursos petrolíferos do país e registou ganhos de 28 mil milhões de coroas norueguesas no ano passado. No final do ano passado, o valor de mercado do fundo ascendia a 8,49 biliões de coroas, 0,9 biliões de euros à cotação atual.