Uma nova geração de cosméticos inspirada no Douro, com destaque para as propriedades do Vinho do Porto. Em tempo de vindimas, uma jovem empresa, a Douro Skincare, apresentou ao mercado a sua primeira colheita, assente em Vinho do Porto biológico e na marca DVine.
“Poderíamos ter escolhido outro produto do Douro, mas o Vinho do Porto era a escolha óbvia para abrir. É o bem mais famoso da região, uma matéria-prima inspiradora, única e inimitável, que traz um elemento diferenciador à nossa própria oferta”, explica Mariana Andrade, diretora da Douro Skincare.
Ano e meio depois do arranque do projeto, a marca soma 11 produtos, com custos de 30 a 150 euros, numa linha de rosto dividida essencialmente em duas gamas: a Light Harvest, destinada à prevenção dos primeiros sinais de envelhecimento, e a Gold Harvest, que incorpora ouro e promete a correção de sinais visíveis de envelhecimento. O mercado alvo, nos dois casos, são as mulheres com mais de 30 anos.
Os objetivos para o próximo ano estão bem definidos. A Douro Skincare quer abrir cinco mercados, vender as suas 11 referências em todos os mercados e aproveitar o feedback dos clientes para alargar a oferta a novos produtos. No final de 2015, “a empresa deverá estar a rolar a 100%”, antecipa Mariana Andrade. Quer vender mais de 350 mil euros em 2015 e mais de 450 mil euros em 2016.
Para isso conta com o site de vendas online e a conquista de distribuidores, importadores, retalhistas, até chegar às prateleiras das perfumarias de Portugal e do estrangeiro. O universo dos SPA é mais uma hipótese de expansão.
O mundo como ambição
A internacionalização é um objetivo assumido desde o primeiro minuto. No setor da cosmética, “Portugal não é um mercado muito vocacionado para receber coisas novas, privilegiando, antes, produtos e marcas já consagrados”, afirma a diretora desta empresa, que espera garantir 95% das vendas na exportação quando estiver a operar em velocidade de cruzeiro. Para isso, a Douro Skincare está a apostar na presença em feiras internacionais da especialidade, de Paris a Tóquio e Abu Dhabi. Os alvos, à partida, são países europeus e da América Latina, a par de mercados regulados da Ásia. Mas os primeiros contactos estão a mostrar a possibilidade de seguir outras rotas, da Nigéria à Rússia, Canadá, Brasil ou Turquia.
A palavra de ordem é “estar aberta ao que acontecer”, diz Mariana Andrade, licenciada em Farmácia, com oito anos de experiência no setor nos segmentos do medicamento e da cosmética.
Quando pensou neste projeto, procurou criar “um produto de perfil global”, diferenciador face à dermocosmética e à vinoterapia. Apostou no conceito de “cosmética de fusão”, onde combina as bases tecnológica e biológica que têm orientado a oferta em dois caminhos distintos.
Para dar corpo à ideia, reunir o “know how” e o capital necessários, juntou mais três sócias na Douro Skincare, onde trabalha com duas farmacêuticas e uma economista. Susana Cruz responde pela direção técnica, Marta Enes faz a gestão da marca e Cláudia Leite assume a direção financeira desta empresa, que nasceu com um investimento de 420 mil euros, sendo 307 mil euros apoiados por fundos europeus para a internacionalização.
Nova marca em carteira
Sediada e incubada no UPTEC bio, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, a Douro Skincare conta com uma parceria com o Departamento de Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto na área da investigação e desenvolvimento, que permitiu encontrar um método inovador de extração de aromas de Vinho do Porto a baixa temperatura e sem solventes, em vias de ser patenteado.
Na verdade, os cremes não cheiram mesmo a vinho. O que está aqui em causa é “uma fragrância exclusiva, com notas aromáticas de Vinho do Porto”, o que tem tradução prática nas uvas frescas, mas também em ameixas, cerejas, chocolate, madeira e frutos silvestres.
Na construção da cadeia de valor e do modelo logístico para viabilizar o lançamento da marca, a empresa optou por subcontratar a produção da formulação do creme em Inglaterra nesta fase inicial. Mas o objetivo é assumir a produção própria de alguns ativos, nomeadamente a fragrância, no prazo de dois anos.
Nos planos da DVine, que escolheu a fadista Ana Moura como embaixadora, está também assumir internamente o trabalho comercial à volta da marca, que começou por ser subcontratado, e disponibilizar serviço de aconselhamento a quem contacta diretamente o consumidor.
A etapa seguinte será avançar para uma nova marca, mais uma vez assente num produto de referência do Douro. Falta apenas escolher o alvo, mas as hipóteses são muitas, da amêndoa à esteva ou aos frutos silvestres.
Este artigo é parte integrante da edição de janeiro da revista EXAME