Resiliência é a palavra para 2013. Não num sentido conformista mas aplicada a todos aqueles que, perante as adversidades, sabem resistir e responder com uma atitude positiva. Esta edição é dedicada não às melhores 100 empresas para trabalhar, mas a todas aquelas que diariamente arregaçam as mangas e enfrentam as adversidades com uma atitude que faz as coisas acontecerem.
O ano não podia ter começado pior. No final do mês o impacto brutal do aumento de impostos caiu como uma bomba na maioria dos agregados. Foi como se a injustiça entrasse em nossa casa na forma de confisco sem pedir licença e sem dizer obrigado. Para muitos que ainda não tinham sentido a crise em todo o seu fulgor a incredulidade foi rapidamente substituída pelo inconformismo. A conta de anos de folia desbragada nas contas públicas chegou. A retração no consumo vai ser brutal, colocando uma pressão acrescida sobre as empresas. Vai ser preciso, mais uma vez, reinventar o negócio, olhar para os custos e descobrir novos mercados. Nada que as nossas empresas não estejam habituadas a fazer com sucesso.
O ano não podia ter começado melhor. Sem ninguém prever a estratégia do Governo obtém a primeira vitória. O regresso aos mercados, ainda que embrionário e parcelar, mostra que afinal sempre existe a luz ao fundo do túnel. Abrir a porta dos mercados é ganhar a nossa liberdade financeira e no limite a nossa soberania. Um país cuja economia não se consegue financiar está refém da vontade das troikas. O impacto positivo nos bancos nacionais vai permitir voltar a abrir aos poucos a torneira do crédito repondo o normal funcionamento da economia. A Europa respondeu à crise e agora somos nós que respondemos à Europa com um “já somos capazes de andar sozinhos”. Isto não quer dizer que acabou a crise da dívida pública ou a austeridade. O equilíbrio das contas públicas não é uma meta. É uma condição perene da nossa economia.
Temos a obrigação e o dever moral perante quem todos os dias dá o seu melhor para levar o seu negócio ao objetivo final que é o lucro de garantir que no futuro não voltamos a cometer os mesmos erros. O regresso aos mercados pode ser uma vitória do Governo, mas foi-o à custa de todos nós. Os parabéns são devidos, em primeiro lugar, ao contribuinte.
Queremos todos mais crescimento, mais emprego e melhores empresas.
Não queremos é gastos injustificados. Despesa pública pode ser sinónimo de crescimento económico no curto prazo mas também é sinónimo de mais impostos no longo prazo.
Este artigo é parte integrante da edição 346 da Revista EXAME