O que acontece quando se misturam gentes locais, artesãos e designers em paisagens rurais de cortar a respiração? Muita coisa bonita. Foi esta a ideia que esteve na base do projeto Agricultura Lusitana, que levou as Aldeias do Xisto em representação de Portugal, no ano 2015, à Feira Internacional de Artes Aplicadas e Design, na Alemanha. O projeto envolveu cerca de 150 pessoas – vindas de nove escolas superiores de design nacionais, 22 ateliers de craft e uma equipa de design – que foram convidados a imergirem na realidade das aldeias e a inspirarem-se no contexto dos lugares para, a partir daí, criarem objetos da memória e da identidade da cultura lusa, dos valores do território e do espírito português.
Reinventar a cultura dos lugares com as pessoas que nelas habitam é a linha de atuação da organização Aldeias do Xisto, criando assim valor social e económico no território. E assim misturaram-se, nesta espécie de laboratório vivo, “atores e fronteiras de conhecimento em áreas tão distintas como a história, a etnografia, a gastronomia, o craft, o design, as artes e ofícios tradicionais, as manualidades e a fabricação digital, a ecologia e o audiovisual, para, a partir do contexto local, idealizar e produzir bens e serviços capazes de atrair novas procuras”, explica Rui Simão, coordenador da ADCTUR e do projeto Agricultura Lusitana.
Foi o relacionamento direto com as pessoas, paisagens e a sua cultura que esteve no cerne do pensamento sobre a identidade dos lugares e serviu de fonte de inspiração material aos artefactos apresentados. O resultado são peças ricas e intemporais, que tão bem simbolizam a alma de uma região. Sapatos, joias, facas, bancos e artefactos vários onde se pode vislumbrar os pontos de inspiração daquelas paisagens ou artesãos.
Descobrir um modo de vida mais saudável e sustentável, ligado à natureza e ao essencial, foi outra vertente deste projeto. “As transformações baseadas em princípios éticos e formas de estar mais ecológicas vão mudar a nossa forma de viver, promovendo o bem-estar pessoal, social e político”, explica João Nunes, orientador da Agricultura Lusitana.
Passado e futuro estão unidos nas Aldeias do Xisto, abertas a novos pensamentos e povoadores capazes de criar núcleos de transformação do tecido social que originem novas formas de fazer, estar e ser.