A nossa aventura no coração de Portugal está a terminar quando os avistamos, não muito longe da barragem de Castelo do Bode. À volta de uma mesa de madeira velha em Aldeia do Mato, o Zêzere ao fundo e o sol a dar as últimas, os caminheiros que tentamos localizar desde o dia anterior repõem calorias. Já se refrescaram nas águas do rio e as tendas que lhes dão abrigo estendem-se num pedaço de relva ali ao lado, ainda que alguns prefiram dormir ao relento. Afinal, levam dez dias ao ar livre, a saborear o que a natureza tem para oferecer.
Ao percorrermos as margens do maior rio inteiramente português a seguir ao Mondego, as gentes locais fizeram-nos acreditar que, por esta altura do ano, com os termómetros acima dos 40 graus, ninguém se atreveria a palmilhar os 370 quilómetros da Grande Rota do Zêzere.
E, no entanto, eis os sete temerários do Entroncamento, terra de fenómenos que não se explicam, a escassos 20 quilómetros da ‘meta’ em Constância, onde desagua o grande afluente do Tejo. Nas pernas, além das pomadas para amansar os músculos, acumulam 350 quilómetros de caminhada desde a serra da Estrela, berço do rio conhecido pelos seus meandros ziguezagueantes. Vão dos 46 aos 70 anos e convidam-nos para a mesa do repasto. Juram que estão limpos de substâncias proibidas: “O nosso doping é a cerveja e o café.”
Não andaram de barca em Janeiro de Cima nem pescaram em Álvaro, como nós, nem tão-pouco experimentaram o wakeboard em Trízio ou as canoas em Fernandaires, mas depressa damos conta que os nossos caminhos separados se cruzaram com as mesmas pessoas e lugares preciosos da vasta paisagem natural do Zêzere.
Ó da Barca
É final de tarde na aldeia de Janeiro de Cima. Luís Fernandes, 39 anos, chegou há instantes de Castelo Branco para mais um fim de semana prolongado na terra da mulher. Pegou nas canas de pesca e rumou ao rio, com os dois filhos, Leonor e Eduardo, de 13 e 9 anos. “Tens de puxar a linha”, diz para o mais novo, distraído com a presença da VISÃO na estreita ponte pedonal que liga as duas margens. Não há mais ninguém por ali, quase nos sentimos a invadir território alheio. De um lado, a grande encosta verdejante, serpenteada pelo trilho da Grande Rota. Do outro, o parque de merendas com churrasqueira e o campo de futebol improvisado sobre a relva, alinhados com as águas tranquilas do Zêzere a correrem nem meio metro debaixo dos nossos pés.
A zona nobre da aldeia é também o salão de festas para os cerca de 300 habitantes, aos quais se juntam em agosto os emigrantes e quem mais vier de fora para desfrutar do espaço. As árvores permanecem decoradas com os tricotados que alegraram o Festival Raiz d’Aldeia, no final de junho. A banda sonora fica a cargo dos pássaros e da água a transpor o açude sob a ponte.
Quando voltamos na manhã seguinte, já o senhor Eduardo nos espera. “Senhor, não. Eduardo”, corrige de imediato. Vai guiar-nos numa pequena barca tradicional que em tempos transportou até bois e vacas entre os dois lados do rio, um animal de cada vez. Quem descia a encosta gritava “ó da barca” e lá aparecia o barqueiro de serviço. “Por vezes, estavam em casa e vinham a correr”, lembra Eduardo, já com uma enorme vara na mão, a empurrar o fundo do Zêzere para nos fazer deslizar à tona de água. Desde os seus sete anos que sabe do ofício, informa-nos. Antigamente, os passageiros pagavam a travessia com milho. Agora é um passeio gratuito. “Um dia destes vieram uns garotos do Fundão. Os professores estavam com medo, mas no fim lá andaram e ficaram todos contentes.” Para nosso azar, nem a águia-pesqueira nem as garças-cinzentas, que costumam rondar o local, se deixaram ver.
No bar de apoio à zona fluvial ou na junta de freguesia, que mantém viva esta tradição, basta perguntar por Eduardo para se fazer a ‘visita guiada’. “Vai mais uma voltinha?”, atira o funcionário da junta, de sorriso malandro. “Eu é como diz o outro, tanto me faz. Só saio às cinco horas.” O tempo vagueia ao sabor da corrente, quase impercetível. Uma família do Barreiro, com casa numa aldeia a 14 quilómetros, já anda entre o rio e a relva. Trazem farnel para o dia todo, num programa que se repete ao longo da semana de férias. “A água é excelente, isto é um paraíso”, solta Maria Pontes, 44 anos. Na toalha ao lado, a sua filha Isabel, de 18, chama-lhe “um retiro do frenesim da cidade”, antes de avançar para o primeiro mergulho do dia.
Nós, uma canoa e a natureza
Não constava do roteiro, mas a conversa no restaurante Fiado, o único em Janeiro de Cima e atração gastronómica da região pelos seus pratos de comida tradicional, motivou um pequeno desvio em busca de atividades de lazer proporcionadas pelo Zêzere. Em maio, o gerente Bruno Madeira e o chef Filipe Aires decidiram alugar canoas em Janeiro de Baixo e fazerem-se ao rio mais a norte, em Porto de Vacas, uma aldeia próxima mas que pelo meandros do curso de água dista, mal sabiam eles, uns intermináveis 18 quilómetros. “Em vez de chegarmos ao restaurante às seis da tarde, já passava das 9 da noite. Intrigava-me por que não iam para ali fazer passeios de canoagem. É por causa dos rápidos. Fiquei preso nos cedros, virei umas cinco vezes e estivemos três dias sem nos mexermos”, contou o chef de 21 anos, divertido, sobre uma experiência “a repetir”, sob o lema “nós, uma canoa e a natureza”.
Se tivessem ficado pela praia fluvial de Janeiro de Baixo, o máximo que poderiam sentir no dia seguinte seria preguiça, constatamos assim que deparamos com uma autêntica piscina natural, enquadrada por um cenário deslumbrante onde o Zêzere dá mais uma curva. Estivéssemos no Algarve, a meio de julho, e estaria à pinha de gente ansiosa por um lugar colado àquela água doce cristalina, com a temperatura a seduzir até o mais friorento dos turistas. Como andamos pelo Interior quase virgem, a uma sexta-feira perto da hora de almoço, não há ninguém – a menos que se contabilizem os dois nadadores-salvadores que vigiam o espaço das 12h30 às 19h.
Numa ponta do generoso areal, lá estão elas, duas canoas que se alugam por cinco euros à hora. Mas o que está mesmo a apetecer, agora que temos os pés no rio, é atirar-nos de cabeça. Foi mais ou menos o que fez Nádia Alves quando, há cinco anos, com 21, trocou os estudos em Lisboa pela exploração do complexo balnear na terra natal da mãe, que inclui parque de campismo, rinque desportivo gratuito e bar – concessionados pela autarquia da Pampilhosa da Serra. A espanhola Visi Villazala pede-lhe uma cerveja “amarilla”, daquelas com sabor a fruta. Com o marido de passagem em trabalho, ligado aos moinhos de energia eólica, ela goza férias no parque de campismo com o filho, a nora e a neta Alba, que tem 1 ano e já experimentou o Zêzere ali em frente. “É precioso, vou voltar”, promete, até porque nas águas gélidas de Bilbau diz não se atrever acima do joelho.
Enquanto Nádia se despede com o desejo que cheguem depressa mais turistas – para agosto os quatro bungalows estão reservados e na meia estação, acrescenta, “passa muita gente de bicicleta a fazer a Grande Rota do Zêzere” –, cruzamo-nos com Adolfo e Adelaide Paulino, um casal de Viseu, ambos com 57 anos, que conhecêramos em Janeiro de Cima. Estão instalados na Pampilhosa da Serra, a menos de 20 quilómetros, já passaram por Figueiró dos Vinhos e andam a saltitar de aldeia em aldeia, à descoberta. Viram muita terra ardida do lado de Pedrógão Grande, na margem direita do Zêzere, e aperceberam-se nos alojamentos dos cancelamentos que têm ocorrido, tal como nós ouvimos os lamentos em vários hotéis e restaurantes, apesar de nos termos mantido, quase sempre, do outro lado do rio, onde não há sequer vislumbre dos incêndios a não ser nos miradouros. São os danos colaterais, como lhe chamam os agentes locais com dificuldade em entender como há tantos compatriotas convencidos de que o Centro do País ardeu todo e nada resta. “Reservámos uma semana antes dos fogos e nem por isso desistimos. Deste lado não há nada, zerinho, mas também já estivemos no Pessegueiro e na Praia das Rocas. Se querem ajudar, é virem”, desafia Adolfo.
Bogas e achigãs
“Bom, já posso ir beber mais um Favaios”, brinca Albertino, assim que o amigo Carlos Silva pesca a segunda boga do dia, para levar à sogra de 86 anos, devota de um bom molho de escabeche. Os dois sexagenários vêm de propósito de Mortágua, a 100 quilómetros, uma vez por semana. “Olhando para a qualidade da água, é talvez dos melhores sítios para pescar”, observa o homem que manuseia as duas canas. O outro, sarcástico, assume não ter paciência “para esperar por aquilo que não prometeu vir”. Prefere o vaivém entre o cais e o bar, mas entendemos por bem não perguntar como acabou aquele dia em que Carlos Silva levou 27 bogas para casa.
Estamos agora em Álvaro, uma aldeia mais a sul no Zêzere, com menos de 50 habitantes. Vamos à pesca com Nuno Mateus, da Associação Recreativa e Cultural de Oleiros, que todos os anos organiza, desde 2010, um encontro de pesca embarcada, o Achigã Challenge. Em 2017, a Agência para o Desenvolvimento das Aldeias do Xisto associou-se à iniciativa e haverá várias etapas até outubro. A primeira realizou-se em Álvaro, em maio passado. A equipa vencedora arrecadou dois mil euros. “A pesca traz muita gente de fora. Tivemos cá espanhóis e franceses e ficaram encantados com a massa de água. Ao todo eram 250 pessoas e sentimos dificuldade a nível hoteleiro”, nota o organizador.
Nuno conduz-nos no barco a motor até aos pilares de uma ponte alta que atravessa o Zêzere, onde os achigãs costumam “poisar”. E durante o trajeto lamenta a intenção de extinguir as espécies exóticas e predadoras, como o achigã, “por imposição da Comissão Europeia”. Segundo ele, este predador “não interfere com o ecossistema marinho do Zêzere”. Ao desligar o motor, começa a lançar o anzol. Uma e outra vez. Nos intervalos, o silêncio é tal que se ouvem as conversas no bar, a uns bons 300 metros de distância. Nem 20 minutos depois, há peixe a morder. É um achigã com 27 centímetros, acima dos 20 permitidos. Nuno devolve-o ao rio, como fazem nas provas de pesca.
E dispara: “Este gesto vai custar dois mil euros de multa se a nova lei passar.”
À nossa saída, vem a chegar um casal com dois filhos, para desfrutarem da piscina fluvial deserta. Jorge Almeida tinha feito a Grande Rota do Zêzere duas semanas antes e quis mostrar o lugar à família. À tarde haveríamos de os reencontrar ali perto, na Praia Fluvial de Açude Pinto, banhada pela ribeira de Oleiros, na grande bacia hidrográfica do Zêzere. Apesar da “água mais fria”, segundo a avaliação de Jorge Almeida, estava mais concorrida: alguns grupos de jovens, os avós Jerónimo e Arminda, que têm casa na Sertã e passaram ali o dia com a neta de 4 anos – gulosa por chanfana –, duas colegas de trabalho que andam de terra em terra ao serviço da Liga Portuguesa Contra o Cancro. “O encanto de Portugal está nas zonas mais escondidas”, dir-nos-á uma delas.
Antes de deixarmos Álvaro, ainda conhecemos Raquel Freire, sorriso permanente no rosto, na rua principal. É ela quem mostra as sete capelas da aldeia aos turistas e gere a Loja das Aldeias do Xisto, ponto de abastecimento para quem percorre os caminhos da Grande Rota. “A mercearia fechou, o café fechou, e tenho sempre a preocupação de ter aqui água fresca, um iceteazinho, café…” A loja, garante, é pequena para tanta azáfama. O mel e o medronho também têm muita saída.
Aventuras aquáticas
No Clube Náutico do Zêzere, na pequena localidade de Trízio, temos encontro marcado com Vítor Carvalho. Aos 40 anos, já leva mais de 20 na dinamização do lazer aquático em plena albufeira da Barragem do Cabril, onde o rio engorda e oferece vistas largas: à direita, o caudal principal em direção ao Tejo; à esquerda, um dos grandes braços, que se estende até à Praia Fluvial de Fernandaires, classificada em 2017, pela associação ambientalista Quercus, com o rótulo de Qualidade de Ouro. Sem esconder o desânimo por haver menos gente do que em anos anteriores, Vítor não quer acreditar que o recente fogo de Pedrógão Grande esteja a queimar o negócio. Lembra-se de ver toda aquela paisagem ardida, há quase 15 anos, “nos incêndios de Vila de Rei”, e nem por isso houve quebras nos visitantes. Agora que se mantém tudo verde ali à volta, custa-lhe a digerir o argumento. “Aqui não ardeu nada. Só se for pelo impacto mediático, porque desta vez morreram muitas pessoas”, acaba por ceder, sem no entanto compreender a associação geográfica entre uma coisa e outra. “É longe.”
Mudemos de assunto e de meio de transporte. Porque não irmos de barco, e não de automóvel, como tínhamos previsto, até Fernandaires? “Demoramos uns 20 minutos, é um dos passeios que faço”, responde Vítor, convidando-nos a sentar num barco de recreio com bancos almofadados e capacidade para dez pessoas. Por uma hora, cobra 100 euros e vai rio acima até Dornes, finalista do concurso das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria aldeias. Já 30 minutos a bordo ficam em 50 euros e costumam levar a Fernandaires. Nota mental: o preço é a dividir pelo número de passageiros.
Uma vez lá chegados, damos de caras com uma enchente, se assim lhe podemos chamar: talvez uns 50 veraneantes, divididos entre as toalhas, a piscina fluvial, a praia e, agora sim, as canoas. Inês Costa, 16 anos, vem a chegar à margem, a respiração acelerada. “É uma boa experiência, mas cansativa.” Nada que a impeça de regressar para mais uma volta, agora com o namorado e o irmão, que sempre são mais braços a remar. A água, diz a adolescente, “está bem quentinha e bué transparente”, e talvez por isso seja já o “sétimo ou oitavo” ano que passa férias ali com o pai e a madrasta.
A zona balnear é vigiada e conta com a variante de wakeboard de cabo, que consiste em fazer acrobacias em cima de uma prancha, ao estilo das de snowboard, enquanto as mãos seguram um cabo puxado por controlo remoto. Quando zarpamos para regressar, não só o jovem trio de canoístas inicia uma feroz perseguição – afinal ainda havia fôlego –, como está um atrevido a ser puxado pelo cabo do wakeboard, tentando a todo o custo evitar o mergulho forçado. Lá terá de ser. Uma e outra vez e mais duas ou três. “Para quem está a aprender, é mais fácil ser puxado por um barco”, explica Vítor Carvalho.
Nem de propósito, em frente ao clube náutico andam a treinar. A deslizar na prancha vai Thomas Gelies, 12 anos de gente e já com uma certa perícia, apesar de se ter estreado naquele próprio dia. Ao volante do barco, cheio de outros miúdos, João Menezes. Vítor conhece-os: costumam passar férias por ali e nessa manhã tinha estado a ensiná-los a técnica do wakeboard. Aproximamo-nos. No coração do Zêzere, pedimos autorização para fotografar e combinamos uma conversa telefónica para mais tarde. Eles vão continuar a aproveitar o rio e nós não queremos deixar escapar os caminheiros do Entroncamento, que levam vários quilómetros de avanço para sul. Antes de nos despedirmos, os rapazes no barco não perdem a oportunidade de provocar o amigo, no embalo daquele encontro improvável com jornalistas. Com Thomas em esforço para erguer o corpo mergulhado, sai rápida a sentença: “É muita pressão.” E quando finalmente se equilibra na prancha, é profissionalismo que lhe exigem: “Sorri para a fotografia, olha a câmara.”
Saberemos depois, pela voz de João Menezes, que um grupo de pais e crianças de Lisboa tem o hábito de acampar ao lado do clube náutico, numa espécie de campismo selvagem onde “as mães são proibidas”. Este ano, o oitavo, foram 24 miúdos e 9 graúdos, não sem que algumas mães tivessem mostrado “preocupação por causa dos incêndios”. Só que os mais novos “adoram o espaço fantástico, muito verde e com muita liberdade”, e a tradição manteve-se, com direito à primeira experiência de wakeboard para a maioria. “Foi ótimo, o ano passado não tinha conseguido”, contará Thomas, filho de pai alemão e mãe portuguesa. “Quero melhorar muito mais. A sensação de fazer é muito melhor do que a de ficar a ver.”
Caminheiros resistentes
João Pedro Pimenta, 50 anos. Manuel Cordeiro, 70. Luís Duarte, 52. Rui Santos, 46. Justino Serra, 51. Carlos Pires, 68. José Real, 57. São estes os sete magníficos do Entroncamento que resistiram com bolhas mas sem cãibras (não temos por que duvidar) aos 370 quilómetros da Grande Rota do Zêzere, percorridos de 5 a 15 de julho.
Enfrentaram subidas íngremes, trilhos estreitos na mata, caminhos de pedra, picos de temperatura próximos dos 50 graus. Dormiram como convidados em garagens e debaixo de telheiros, cederam-lhes casas de banho. Viram pomares, aldeias abandonadas, zonas queimadas, paisagens de cortar a respiração. Deram-lhes água, fruta e palavras. Muitas palavras. “Percebe-se a solidão das pessoas, a necessidade de falarem. Só o facto de passarmos por lá já é uma alegria para elas. Dão-nos tudo”, comenta João Pedro Pimenta, líder do grupo e da secção de pedestrianismo do Clube de Lazer, Aventura e Competição do Entroncamento, que lançou o desafio. “É uma rota muito bonita, mas exige preparação”, acrescenta na Aldeia do Mato, a ‘meta’ em Constância quase à vista.
João Pratas acompanha-os à distância, numa carrinha de apoio. À noite entrega-lhes pão fresco, bebidas e pomadas. Em Oleiros comprou umas sandálias a pedido de Carlos Pires, que levava os dedos dos pés doridos. A alvorada toca às quatro da manhã, pelas 22 já estão a dormir.
À medida que a conversa avança, apercebemo-nos que mergulharam em Janeiro de Baixo, “um sítio espetacular”, sabemos que se referem a Raquel Freire quando falam na Dona Raquel de Álvaro, “10 estrelas”, só por ter bebidas frescas para quem passa, e sentimos uma pontinha de inveja pelas “muitas garças-cinzentas e aves de rapina” que se cruzaram com eles e se esconderam de nós. Assim que começam a descrever um quintal onde os deixaram pernoitar, algures na zona da Madeirã, depressa identificamos o alojamento rural Vilar dos Condes, entre Álvaro e Trízio, onde parámos um destes dias para almoçar. Susana Dias, a funcionária, mostrou-nos as casas de xisto, a eles entregou a chave da zona de refeição. Não tinham planeado dormir por ali, mas ficaram com mais uma história para contar. “Faz parte da aventura. Viver não é uma ciência exata.” É mais em ziguezague, como o Zêzere.