Se isso fosse possível até poderíamos acreditar que a Andaluzia nasceu do sonho de algum deus da antiguidade inspirado e generoso, de tal forma é privilegiada a sua geografia. Situada naquele ponto em que o Sul da Europa lança o olhar ao Norte de África e o Atlântico abraça o Mediterrâneo, esta região autónoma da vizinha Espanha guarda no nome a memória dos tempos em que os mouros chamavam Al-Andaluz à Península Ibérica.
A enorme diversidade paisagística, a par de um clima variado que vai do mediterrânico mais temperado junto à orla costeira, às temperaturas áridas do deserto de Tabernas na região de Almería, sem esquecer as regiões montanhosas geladas no Inverno (como é o caso da Serra Nevada tão desejada pelos amantes dos desportos de inverno), já por si levantam uma dificuldade natural à escolha da modalidade de férias, passe esta pela praia ou pela cidade, pelo campo ou pela montanha. Mas depois, há que fazer face a desafios mais complicados, ou delicados, que se prendem com a diversidade da riqueza cultural e patrimonial da região. São ao todo oito as províncias a explorar – Huelva, Sevilha, Cádiz, Córdova, Málaga, Granada, Jaén e Almería – e todas elas com os seus encantos distintos.
Da História, da arte e da cultura
A eleger um ponto de partida para uma rota que se faz por escrito, nem precisamos de seguir a linearidade de uma autoestrada ou da ferrovia para destacar o Alhambra como o primeiro dos nossos destinos. Localizado em Granada, este majestoso monumento com os seus belos palácios de arquitectura mourisca e frondosos jardins foi o último reduto da dinastia nacérida na Península Ibérica até se tornar, no século XV, residência dos Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Património Mundial da Unesco, o Alhambra é hoje um dos monumentos mais visitados em toda a Espanha.
Mas a riqueza da Andaluzia em termos de património histórico não fica por aqui. A Catedral de Santa Maria, em Sevilha, impõe-se também como visita obrigatória. O edifício cuja construção foi concluída no século XVI em substituição de uma antiga mesquita é considerado a maior catedral gótica do mundo e a Giralda, o campanário que hoje faz as vezes do antigo minarete, oferece uma vista panorâmica de 360º sobre toda a cidade. De não perder também a visita ao Arquivo Geral das Índias, o palácio renascentista construído pelo célebre arquiteto Juan de Herrera, ou aos Alcáceres Reais, um bom exemplo da arquitetura mudéjar que alberga o Alcazar, o palácio real de Sevilha.
Em Córdova é a Mesquita-Catedral que faz as honras, rodeada pelo centro histórico da cidade, mas também a Medina Azahara, um complexo arqueológico hoje Património da Humanidade, cuja história remonta ao ano de 936.
Mas a riqueza cultural da Andaluzia não se cinge apenas ao seu histórico património arquitetónico. Málaga, por exemplo, é destino imperdível para os amantes de pintura que, certamente, não deixarão que visitar o Museu Picasso, inaugurado em 2003 para cumprir o desejo do pintor de ter a sua obra presente na cidade onde nasceu, ou o Museu Casa Natal que, ao longo de seis salas, acompanha a história da vida e obra do mestre. São de destacar ainda o Centro Pompidou de Málaga ou o Museu Carmen Thyssen com a sua vasta coleção de pintura espanhola e andaluza.
Da vida ao ar livre, do sol e do mar
Quem gosta de passear e de tomar contacto com as terras e as suas gentes, tem vários percursos à escolha sejam os que passam pelas múltiplas aldeias imperdíveis ou aqueles que oferecem trilhos que propiciam o contacto com a natureza.
Seguir de carro a rota das Aldeias Brancas, ou ‘Pueblos Blancos’ é um passeio obrigatório. Trata-se de um conjunto de pequenas aldeias situadas ao longo das regiões montanhosas da Sierra de Grazalema, Serranía de Ronda e Los Alcornocales, entre Cádiz e Málaga, que se caracterizam pelas suas casas caiadas de branco para as proteger do calor. Entre estas, vale a pena visitar Arcos de la Frontera, Grazalema, Zahara de la Sierra, Setenil de las Bodegas e Ronda.
Os amantes do ‘trecking’ e das caminhadas a pé não hão-de querer perder a visita ao parque natural Sierra de Grazalema, famoso pelos seus trilhos e percursos pedestres. Obrigatória também é a visita ao parque nacional de Doñana, entre as províncias de Huelva, Sevilha e Cádiz. Património Mundial da UNESCO e a maior área protegida de Espanha, este é talvez um dos melhores pontos de observação da vida selvagem e um dos locais, na Península, onde podemos encontrar o lince ibérico. A tudo isto soma a Andaluzia uma faixa costeira invejável, dividida entre as praias atlânticas da Costa da Luz e as mediterrânicas das Costas do Sol, Tropical e de Almeria, uma gastronomia única que vai buscar matéria-prima não apenas ao mar, mas também ao solo, ou não fosse a província de Jaén considerada a “capital mundial do azeite”.
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