Quando pensamos em cegueira associada à idade, a primeira palavra que nos vem à cabeça será provavelmente “cataratas”. No entanto, os dados da OMS mostram uma realidade bem diferente. Nos países desenvolvidos, a Degenerescência Macular da Idade (DMI) é a principal causa de cegueira em pessoas com idade igual ou superior a 55 anos. Em Portugal, o cenário confirma-se, e a DMI tem uma prevalência de 15,5% nesta faixa etária. A par da DMI, a retinopatia diabética, associada às diabetes tipo 1 e tipo 2, não pode ser negligenciada. Se não for diagnosticada a tempo, poderá causar danos irreversíveis, levando à cegueira.
Apesar das evidências, muitas vezes desvalorizamos os sintomas. A pergunta é: o que é que podemos não estar a ver? Muito. Sobretudo a importância de estarmos atentos e agir rapidamente. E por isso o Grupo de Estudos da Retina de Portugal alerta para a importância de identificar e tratar as principais doenças da retina, e fazê-lo a tempo.
Porque são doenças que evoluem silenciosamente, podendo causar danos irreversíveis, o tempo pode ser a diferença entre ver e não ver. Daí a importância vital do diagnóstico precoce. Um dos principais problemas das doenças da retina é que muitas vezes são assintomáticas até atingirem um estadio avançado. No entanto, também existem sintomas aos quais devemos estar atentos: manchas no campo visual, geralmente na parte central, ou deformações das imagens (ondulações, curvas).
Menosprezar os sintomas, ou fazer um autodiagnóstico errado são situações muito comuns. Por isso Ângela Carneiro, atual Presidente do GER, frisa que “nem todos os problemas de visão são cataratas. As cataratas, sendo muito prevalentes na população idosa, têm uma solução cirúrgica com alta taxa de sucesso, havendo uma recuperação completa de visão após a cirurgia. Pretendemos alertar para o facto de existirem outros tipos de problemas de visão associados a doenças retinianas. Nestas doenças, quando o doente chega muito tarde, há pouco a fazer, pois a perda visual é irreversivel”.
Para realizar o diagnóstico deste tipo de doenças, deve realizar-se uma consulta com um médico oftalmologista que, através da observação do fundo do olho, deteta as lesões iniciais e identifica os doentes com risco de progressão da doença. Por isso é tão importante, a partir dos 55 anos, consultar um médico oftalmologista de dois em dois anos.
As principais doenças da retina
Degenerescência Macular da Idade
A DMI é a principal causa de cegueira nos países desenvolvidos na população de mais de 55 anos. É uma doença degenerativa causada por danos na parte central da retina responsável pela visão fina e de pormenor, que levam a manchas escuras, sombras ou distorção das imagens. O risco de desenvolver DMI aumenta com a idade, por isso a partir dos 55 anos, consultar um oftalmologista para fazer a sua deteção precoce é fundamental.
Retinopatia diabética
Associada à diabetes, este tipo de retinopatia caracteriza-se por danos nos vasos sanguíneos da retina. A perda da visão ocorre devido ao inchaço ou edema na parte central da retina, podendo nas fases mais avançadas haver desenvolvimento de vasos anómalos que podem sangrar e descolar a retina.
Prevenção
As doenças da retina podem ter uma origem hereditária (quase 50% do risco), mas estão também associadas a fatores como tabagismo ou nutrição. Por isso é fundamental adotar um estilo de vida saudável, com uma alimentação rica em antioxidantes, vitamina A, C e E, peixe, fruta e legumes verdes, agindo sobre os fatores modificáveis.