Era 2008. Matilde tinha quatro anos. No final de dezembro, o que devia ser um fim de semana de festa pelo aniversário do avô transformou-se numa história difícil de contar. Começou com uma febre. “Foi ficando cada vez mais prostrada, muito parada”, conta a mãe, Ana. Em poucas horas, Matilde perdeu a vitalidade. “Não era normal para uma criança tão enérgica”.
Do centro de saúde foi encaminhada para o Hospital de Beja. E daí para o Santa Maria, em Lisboa. Sempre de ambulância. Ana não se apercebeu da gravidade da situação até um dos médicos lhe pedir para se preparar para o pior. Nessa altura, soube que se tratava de uma sepsis meningocócica. Uma infeção generalizada causada pela bactéria meningocco B – responsável pela meningite B.
O pediatra e autor do blog Pediatria para todos, Dr. Hugo Rodrigues, explica que “a doença meningocócica se transmite através do contacto direto com gotículas e secreções nasais favorecidas pela tosse, espirros, beijos e pela proximidade física”. Numa fase inicial apresenta “sinais e sintomas poucos específicos, mas rapidamente pode atingir quadros muito graves”.
As sequelas
Já no Hospital de Santa Maria, Matilde foi ventilada e induzida em coma. Ana conta que nesta altura “ninguém tinha garantias para lhe dar”. Não sabia se a filha sobreviveria. Matilde esteve internada durante três meses. Ficou com insuficiência renal. Esteve perto da amputação de um dedo, de uma mão e dos membros inferiores. Ficou sem uma parte do músculo da perna, e por isso, já foi operada três vezes.
Em junho de 2009, foi proposta para transplante. A mãe ofereceu-se para doar o rim. A 20 de Setembro, já preparada para entrar no bloco, recebe a notícia de que havia outro dador. “Foi quase um milagre”, conta.
Hoje, Ana garante que toda a família lida bem com a situação. A pequena Matilde cresceu e já tem 16 anos. Não se lembra do tempo passado no hospital, mas explica que nunca conheceu outro contexto. “Não me lembro de como era a minha vida antes. Isto tornou-se a minha normalidade.” Confessa que chegou a pensar “Porquê eu?”. Há cuidados que a acompanharão por toda a vida. A medicação, as consultas mensais, os cuidados com a alimentação.
Por uma vida inteira pela frente
Com o objetivo de sensibilizar para a importância da prevenção, a farmacêutica GSK lançou o documentário “Prevenir a Meningite – Por uma vida inteira pela frente”. O projeto conta com testemunhos reais de quem viveu a meningite na primeira pessoa. Como o caso da Matilde.
A vacina é fundamental para prevenir a doença. “Deve vacinar-se todas as crianças e adolescentes. É a única forma que temos de prevenir uma doença tão grave como esta. Se pudermos minimizar o risco que existe, é sempre a melhor opção”, acrescenta o Dr. Hugo Rodrigues.
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