A Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 que tem afetado a saúde e a vida de milhões de pessoas por todo o mundo, pode atingir gravemente o sistema respiratório, provocando complicações como pneumonia ou síndrome respiratória aguda grave. Será então que quem sofre de asma – patologia inflamatória crónica dos brônquios – têm maior risco de infeção? E que as pessoas com COVID-19 têm maior probabilidade de desenvolver asma?
Ainda que pareça expectável, diz a pneumologista Claúdia Chaves Loureiro, não é claro que exista uma associação direta. “A evidência que demonstra um aumento de risco para a Covid19 em doentes com asma é limitada”, esclarece a médica. “Por exemplo, em Whuan, [a cidade chinesa onde foram detetados os primeiros casos da patologia], a prevalência da asma nos doentes Covid foi inferior à prevalência da asma na população adulta”, afirma, acrescentando que “é tranquilizador também” que não se tenha verificado uma correlação entre outras infeções por coronavírus e agudizações da asma.
Ainda assim, sabendo que as infeções virais podem desencadear crises de asma, e que a Covid-19 se enquadra nesta definição, “é expectável que, neste contexto, os asmáticos tenham potencial para descompensação da doença de base”, sublinha a especialista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Em Portugal, há 600 mil pessoas com asma, segundo a Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
É fundamental manter a medicação
Ana Mendes, que com Claúdia Chaves Loureiro é uma das coordenadoras da Rede de Especialistas de Asma Grave, sublinha a necessidade de manter a doença controlada, o que permite evitar idas ao hospital (e o risco de contágio). “Isso passa pela adesão ao plano terapêutico prescrito pelo seu médico”, considera a imunoalergologista, reiterando que os doentes devem continuar a tomar a medicação diária. “Se o asmático estiver em crise, deve primeiro contatar o seu médico por telefone”, refere Ana Mendes, que trabalha no serviço de imunoalergologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Além de seguir as indicações da Direção-Geral da Saúde, os doentes com asma devem estar atentos aos sintomas e sinais de alarme.
“Poderão utilizar algumas ferramentas para medir a adesão terapêutica e o controlo da asma, como este teste“, diz Claúdia Chaves Loureiro. “A melhor maneira de proteção é seguir as recomendações que todos devemos seguir e que têm sido amplamente divulgadas. Nas mais importantes incluem-se lavar as mãos com frequência, com sabão e durante 20 segundos; nunca tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; e fazer uso de máscara social.”
Crianças asmáticas
Tal como nos adultos, é fundamental controlar a asma nas crianças, mantendo a medicação diária. “Se estiver em idade em que consiga compreender e colaborar com as medidas de prevenção, estas deverão ser-lhe explicadas”, diz a pneumologista Cláudia Chaves Loureiro. “Se usarem câmara expansora é importante assegurar a higienização dos bocais, das câmaras e das máscaras, após cada utilização. A lavagem completa da câmara deve ser feita com água e detergente da loiça.” Uma indicação que obviamente se aplica a todas as idades.