A Tempestade de um Minuto
Tenho andado a convencer-me de que nunca vi o nosso mar assim. É certamente da perturbação da pandemia, do cansaço, de não haver ninguém, mas é facto que se põe em montanhas de água, que treinam para se porem de pé.
Poetas suicidas
Fôssemos verdadeiramente assistidos pela divindade e nada se deixaria à deriva, tudo ganharia propósito e certamente a poesia seria desnecessária
Cárcere com Caetano Veloso
Primeiro plano para lidar com o desafio, sua voz abrindo na casa, como se pássaro subitamente cantasse pelo interior, mas sem perder voo nem o céu inteiro
1981
Ali, acabei por comprar meu primeiro livro. Ali, vi pela primeira vez uma capa do Jornal de Letras. Quando entrava na papelaria Sónia eu tinha a impressão de já ser muito mais do que a vida havia planeado para mim
O século das Mulheres
O que mais me vem interessando na literatura de hoje é a poesia das novas poetas. A mulher é uma equação que o mundo nunca permitiu ser resolvida. Adiada pela História, mormente pela História dos homens, à mulher nunca lhe foi dada verdadeiramente a oportunidade.
Autobiografia Imaginária: Astur-Mirandês
Com organização da autarquia e da Associaçon de Lhéngua I Cultura Mirandesa, correram as II Jornadas Amadeu Ferreira. O que mais se torna inesquecível deste evento é a alegria de se encontrarem asturianos e mirandeses como amigos que se apartaram de terras mas que se reconhecem por coração.
Adília Lopes
O que nos desarma em Adília Lopes é a impressão de que a mulher-a-dias desatou a escrever poesia. A estranheza que nos causa é a da erudição inesperada de uma doméstica, com todas as suas questões práticas e filosóficas passadas pela estética crua de versos sem um propósito de beleza, apenas a pragmática anotação dos tópicos.
Modo de Amar
"O GGM foi viver para os livros. Vamos encontrá-lo em cada um, abundante, sempre. Entre nós. Vizinhos. Misturados, tão bem nos misturou, com a urgência de sempre. Porque o modo como nos contou o mundo é todo assim, como uma demasia, onde nos devolve um sentido de vida inesquecível"
Autobiografia Imaginária - O Prince
Quando anunciaram que o Prince andava aí e que havia concerto surpresa em Lisboa não tive hipótese alguma. Não deu tempo para me organizar. A vida está exigente, tudo me custa e nada permite frescuras e veraneios. Fiquei furioso. Não vi, não estive lá, não gosto de ninguém que tenha conseguido bilhete e assistir. Detesto quatro mil e não sei quantas pessoas, uma a uma.
Baile em Kiev
Na ilha, depois das diversões, depois dos bares e dos karaokes, ali no meio do caminho, já dentro das árvores, juntam-se os velhos.
Piscinas, crónica de valter hugo mãe
Uns senhores disseram-me que a nadar sou uma vergonha. Agradeci. Eram uns velhotes com a mania, devem ter sido desportistas em 1922. Comentaram que eu nadava de óculos porque ia lentinho e dava tempo para ler livros
Paulo Damião: Incandescer
O trabalho de um pintor visto por um escritor. Olhares e palavras na crónica Autobiografia imaginária de Valter Hugo Mãe. Com FOTOGALERIA
Valter Hugo Mãe: Casa
De volta a casa, por um breve dia. Apetece-me passar o tempo todo abraçado ao Santo António da Júlia Côta, ao edredão branco pintalgado pelos marcadores de todas as cores, aos quadros da Isabel Lhano ou aos discos do Antony