Um médico que deixa morrer à fome
É a senhora matos do 3º esquerdo? Trago aqui as suas compras, pode abrir? Deixe-se estar, não precisa de sair à rua que lhe entrego tudo separadinho por caixas, como pediu: os vegetais, o peixe, a carne, os sumos dos seus netos, as bolachinhas, os sabonetes, as revistas, e ainda lhe trago duas botijas de gás. O elevador não funciona? Não se preocupe senhora, eu subo a pé e levo-lhe todas as caixas lá acima. Vai levar só mais um bocadinho, são muitas caixas. Se tivesse dito que não tinha elevador tínhamos trazido ajuda, hoje sou só eu. Sim, compreendo, não sai de casa há um mês, não reparou no elevador. Já só falta mais uma caixa, pode deixar a porta aberta que eu subo já, já já.
A inútil e lúcida autocrítica
É assim que eu vejo a vida, devíamos ser todos livres em vez de nos estarmos para aqui a debater por isto ou por aquilo, a criar conflitos e confusão, quando na verdade nem estamos convictos do que realmente queremos
Vamos sentir falta de tudo o que não precisamos
Nós ouvimos tudo isto, e ainda assim, perdemos o foco. Culpamos de volta o vírus, e confundimos a recalendarização de espetáculos, ou a difusão online de peças que temos em arquivos, com programação remota de um Teatro.
O aperto de mão
Um Presidente que nos encosta a todos à parede imóveis, para depois nos perguntar porque não avançamos com ele
O melhor dos contentores possíveis
Os sonhos e os dilemas e as desgraças da casa da Dona Glória, em Na Hora de Comer o Treinador, a crónica de Patrícia Portela