Henrique Costa Santos, gestor, produtor e programador cultural em organizações como Boom Festival, Festival Todos e FOLIO. Formado em Lisboa, Londres, Bruxelas e Florianópolis, viveu em quatro continentes em quatro anos. Criou a Safari Produções, que concilia as artes e uma vocação ambiental. Estudou jazz no Hot Clube e flauta transversal no Conservatório de Música de Cascais. Fez a quarta classe com a Professora Hermínia. No presente, prepara uma tese de mestrado em Gestão Cultural no ISCTE.
O assobio da democracia
Se é lamentável que os portugueses no estrangeiro tenham visto o seu direito ao voto atrapalhado, como são lamentáveis as dificuldades inéditas a que a pandemia nos sujeitou, votar é honrar, atacar e defender. Entrar na cabine de caneta em riste e marcar o boletim, exercendo o direito ao voto, é participar na mais nobre luta de que há memória: a luta dos nossos avós pela liberdade
Henrique Costa SantosA profissão mais antiga do mundo
O exercício político está, modo geral, tão malvisto junto de certas franjas da sociedade, que há novos candidatos cuja estratégia eleitoral é, na base, dizer “eu não sou político” ou “eu sou diferente dos outros políticos”, como se isso fosse necessariamente bom
Henrique Costa SantosO burlão que saiu do frio
De um político do séc. XXI, espera-se, ideologias à parte, que carregue o património civilizacional conquistado ao longo de séculos
Henrique Costa Santos2021 Odisseia no Espaço
Se, por um lado, o tsunami da crise pandémica resistiu ao réveillon, saltando a fronteira anual, entramos em 2021 com bazucas e vacinas para o enfrentar. Que venha ele
Henrique Costa SantosGastão Reis. Já cá não está quem mais sorriu
Amado pelos amigos, admirado pelos pares e debaixo de olho dos entusiastas, Gastão Reis compunha, cantava e tocava nos Zarco - uma das bandas mais interessantes e originais da "nova geração" lisboeta. Deixa um rasto de luminescência que ainda agora se começava a notar, numa cidade que não chegou a dar-lhe a devida atenção. A homenagem do produtor cultural Henrique Costa Santos a Gastão Reis, a única vítima mortal do prédio que desabou no último domingo, em Lisboa, depois de uma explosão
Henrique Costa SantosRegresso à Natalidade
No Natal 2020, amar um familiar é não lhe dar um abraço ou um beijo, e não haverá fiscais-de-linha. Está nas mãos de cada um
Henrique Costa SantosUma ministra também chora
Se o papel dos governantes eleitos é representar o povo, poucos momentos constituem mais um espelho do esgotamento dos portugueses do que esta catarse defronte das câmaras. Mesmo sem o insustentável peso do ser governante numa catástrofe destas, cada português está, de uma maneira ou de outra, à beira de um colapso emocional. E a ministra representou-nos ali, menos como política, mais como pessoa
Henrique Costa SantosWeb Summit em tempos de crise
De alguém que é herói de tanta gente, líder espiritual de uma tribo internacional de empreendedores, seria de esperar outro grau de responsabilidade e ética. Não é preciso ser-se formado em economia e negócios para perceber que, neste momento crucial, com Portugal à fome e em dificuldades, cobrar 11 milhões de euros ao erário público faz diferença
Henrique Costa SantosQuerido Pai Local
Por muito que a compra de uma velinha para oferecer à tia possa não parecer salvar uma economia, pode. Se cada um de nós for mais consciente nas suas compras, estaremos a oferecer prendas mais únicas e originais, com mais significado, feitas por perto, enquanto estendemos a mão a quem nos conhece pelo nome
Henrique Costa SantosA volta a Portugal em ciclovia
Pedalar é, obviamente, mais exigente para o físico, e isso tanto faz com que os ciclistas não respeitem regras de trânsito, ou as respeitem demais, empatando a vida a toda a gente. Tudo isto se resolve se cada veículo tiver o seu espaço e as suas regras, adaptadas às suas características
Henrique Costa SantosÉ um confinamento descontente
É cáustico que tanta gente tenha fome, com os restaurantes proibidos de honrar o menu, condenados a fechar. A insustentável fome de quem ficou sem trabalho é proporcional às sobras alimentares dos restaurantes, dos pequenos negócios e dos hotéis, forçados a despedir mais pessoas e a abrir falência
Henrique Costa SantosTrump-19
Quer queiramos, quer não, Donald Trump fez História. Em quatro anos, criou uma nova forma de estar na política, suportada pela raiva e ignorância de um povo perdido, que rapidamente inspirou clones por toda a parte. Mais uma vez, vimos os Estados Unidos da América a ditar tendências – neste caso, as piores
Henrique Costa SantosA segunda vaga da Nazaré
Aliviar o espírito da segunda vaga de covid com os olhos nas terceiras vagas da Nazaré é digno de uma metáfora apocalíptica. Ao longe, abafado pelo rugido dos vagalhões, ressoa o burburinho da fadiga política, da crise social, do caos nos hospitais, da precariedade aguda e da falência de empresas
Henrique Costa SantosTeorias da constipação
À distância, pareciam cidadãos contra a utilização obrigatória de máscara, mas logo se decifravam discursos bastante mais exóticos. Ao perto, mãos e mãozinhas seguravam cartões com as palavras “5G”, “maçonaria”, “Bielderberg”, “Opus Dei”, “Illuminati” ou “Bill Gates”, sublinhadas a cores berrantes
Henrique Costa SantosTerra chama Marte
Ditatura, autoritarismo, manipulação, terrorismo: esta semana, ouviu-se de tudo. O governo propôs a obrigatoriedade da aplicação de rastreio à covid-19 em contextos específicos e o país reagiu – com razão. A proposta é inaceitável. O chorrilho de críticas veio de todos os quadrantes políticos, em defesa de um modelo de sociedade livre, incompatível com downloads obrigatórios e fiscalizações
Henrique Costa SantosAnima-te, filho
Em Portugal, onde a depressão e a ansiedade flagram, e o suicídio é a segunda maior causa de morte dos jovens, a resposta popular para os flagelos mentais continua a ser, tantas vezes, “não sejas tão negativa”, “vai ver o mar, que isso passa” ou, simplesmente, “anima-te, filho”
Henrique Costa SantosSurtos WhatsApp
Se não faz sentido culpar as tecnologias pela crise, é urgente pressionar os governos a agir. No plano individual, quebrar a corrente do mal também é abrir os olhos e verificar informação. Se não devemos acreditar em tudo o que vemos na televisão, não devemos acreditar em nada do que nos chega ao telemóvel
Henrique Costa SantosMaravilhoso coração
Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa da Cardiologia já alertou: num dia em que morrem 3 pessoas de covid-19, morrem 100 ou mais pessoas de doenças cardiovasculares. É esta a realidade em Portugal. De março a agosto, morreram este ano mais 6000 pessoas do que em 2019, das quais nem sequer um terço pereceu de Covid
Henrique Costa SantosA de avião, B de banana, C de covid
Os alunos pertencentes ao grupo de risco podem participar nas aulas à distância e as autoridades locais de saúde estarão sincronizadas com as escolas para garantir eficácia. Contrapondo isto com o estado da pandemia – sob controlo há três meses –, e com a urgência de os meninos voltarem à sua vida, de onde vem, afinal, a polémica?
Henrique Costa SantosJá chegámos aos Açores?
O acórdão do Tribunal de Ponta Delgada deixa bem claro que, do ponto de vista jurídico, encerrar pessoas num quarto de hotel não é diferente de as fechar numa cadeia. No mesmo acórdão lê-se inclusive que um preso “tem mais conforto, melhores condições, sem dúvida, maior liberdade de circulação” do que os turistas confinados neste regime. Ou seja, antes ser preso
Henrique Costa SantosDepois mete-se agosto
É um fenómeno engraçado. Em julho, basta ver, já se ouve a deliciosa ressalva tão portuguesa que é o “olhe que isto depois mete-se agosto”, versão dilatada pelo calor do “isto depois mete-se o Natal”, ou seja: no fundo, duas expressões que alertam para um momento estendido em que ninguém poderá contar com nada. Nada - nenhuma estrutura essencial ao funcionamento da sociedade – funciona bem neste mês e isso é aceite como uma espécie de imposição divina
Henrique Costa Santos