Este é o primeiro dia da primeira semana sob o signo de uma nova coabitação entre Belém e São Bento. E quando, amanhã, Marcelo e Costa se encontrarem, em Espanha, para assistirem à entrega de um importante galardão a António Guterres (ver nesta newsletter, mais a baixo), a curiosidade é a de saber se viram as costas um ao outro ou, como aconteceu na última Cimeira Ibero-Americana, se aparecem em público, juntos e (quase) de mãos dadas, a fazer as pazes. Na ressaca dos acontecimentos dos últimos dias, com a declaração de guerra do Presidente, quarta-feira passada, que demoliu, ponto por ponto, toda a argumentação de António Costa para justificar a manutenção de João Galamba no Governo, e da resposta, quinta-feira, de António Costa, aguardam-se os próximos movimentos deste jogo de xadrez. Ao mesmo tempo que desdramatiza, o primeiro-ministro, ex-aluno de Marcelo, vai avisando que não se esqueceu do que aprendeu na cadeira de Direito Constitucional… Os segundos mandatos dos Presidentes da República, que já não precisam de trabalhar para serem reeleitos, costumam definir uma nova postura face aos governos. Geralmente, da cooperação estratégica, que evita ondas e polémicas, nos primeiros cinco anos, os inquilinos de Belém passam a ações mais assertivas e interventivas, no segundo quinquénio. Durante este 2.º mandato, porém, apesar de ter dado alguns sinais de impaciência, continuou o clima cúmplice entre o PR e o PM. Quando a temperatura subia, ambos punham gelo. O último exemplo de críticas mais veementes vindas de Belém – e de repostas mais irreverentes vindas de São Bento – tinha sido suavizado, logo a seguir, quando, na Cimeira Ibero-Americana, Costa e Marcelo se apresentaram, em conferência de imprensa, juntos e sorridentes, vestidos com aquelas “fardetas” à Masterchef, para reiterarem que tudo não tinha passado de uma “natural diferença de pontos de vista”. Portanto, o segundo mandato estava a ser algo atípico,
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