Foram 47 minutos de entrevista no dia que assinalou um ano desde a tomada de posse do Governo de maioria absoluta de António Costa – e que ficou ainda marcado pela aprovação do polémico pacote de medidas do programa ‘Mais habitação’. Cerca de três quartos de hora que revelaram um primeiro-ministro, acima de tudo, cansado. E com um tom bastante mais comedido do que o adotado até aqui em entrevistas, nas respostas dadas a Clara de Sousa, que o recebeu nos estúdios da SIC, ontem à noite.
António Costa começou por salientar que a crise da habitação tem sido “dramática” para a classe média, “muito difícil para os jovens” – admitindo que o grande desafio é fixar em Portugal as novas gerações – e aproveitou para estender a mão aos privados, afirmando que o Estado não consegue fazer tudo sozinho. Foi assim, também que Costa respondeu às vaias e apupos que durante a tarde de ontem se fizeram ouvir em Almada, onde o Conselho de Ministros aprovou medidas que vão desde o arrendamento coercivo até ao aumento dos benefícios fiscais para o arrendamento de longa duração. Aliás, o governante aproveitou para se revelar “perplexo com a polémica” sobre as medidas que propõem o arrendimento coercivo e também a suspensão de atribuição de novas licenças de Alojamento Local, lembrando que a primeira já está prevista na lei e que a segunda lhe parece óbvia quando “100 mil habitações foram retiradas do arrendamento para famílias” para estarem disponíveis para Alojamento Local.