Em Paris e noutras cidades francesas, o lixo acumula-se há dias nas ruas, muitas vezes junto a destroços de barricadas, em consequência dos protestos cada vez mais violentos – com incêndios e cocktails Molotov – que assolam o país por causa da insistência do Presidente Emmanuel Macron em avançar com o aumento da idade de reforma. Em Israel, a situação tornou-se caótica na última noite, com milhares de pessoas a manifestarem-se nas ruas, em protesto contra a lei judicial imposta pelo governo de Benjamin Nethanyau que, na prática, acaba com a separação de poderes, e destrói o sistema democrático. Na Alemanha, prevê-se para hoje um dia de caos, embora menos ruidoso do que aquilo a que se assiste atualmente em França e em Israel: uma mega-greve, que irá paralisar todos os meios de transporte do país, incluindo o encerramento do aeroporto de Frankfurt, um dos mais importantes e movimentados da Europa.
De repente, este ano de 2023 começa a cheirar a 1968, quando o mundo foi sobressaltado por grandes ondas de protestos e de manifestações, de Paris à Cidade do México ou de Chicago a Praga. Nessa época, a guerra do Vietname e a tensão da disputa entre os EUA e a Rússia contribuíram para muitos protestos. Agora, com o mundo a enfrentar uma outra guerra e também um crescendo de tensão, voltam também os protestos em grande força, com base num grande motivo: a defesa do atual modo de vida, alicerçado num forte estado social, e agora ameaçado pelas pulsões ditatoriais e pelo crescimento da inflação.
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