“Avança, avança…muito obrigado!”. Foi com estas palavras, no último Natal, que Rui Nabeiro incentivou Mariana Jones, funcionária da Delta Cafés, a atirar-se à escrita de um livro infanto-juvenil baseado na história do empresário de Campo Maior, ontem falecido aos 91 anos, na sequência de problemas respiratórios. Os graúdos sabiam há longo tempo dos seus méritos, mas a história para miúdos já segue, entretanto, o seu curso. Uma das últimas aparições públicas de Rui Nabeiro tinha sido, precisamente, junto daquela autora da “casa” numa cerimónia pública quando, no ano passado, Mariana Jones decidiu lançar, com o apoio da Delta, um livro em quatro idiomas dedicado às famílas e crianças ucranianas acolhidas em Portugal. O “senhor Rui”, como muitos o tratavam, era assim: familiar, próximo, afetivo, dinamizador. Mas, como é óbvio, diversas personalidades recordaram-no por muito mais do que isso, reconhecendo nele, ideologias à parte (era militante do PS), a rara estirpe de empresário e gestor de que o País tanto carece, como bem lembrou o escritor José Luís Peixoto, autor de um romance biográfico baseado na história de vida de Rui Nabeiro.
Foi, aliás, a pretexto do lançamento dessa obra, e de uma conversa entre o empresário e escritor moderada pela diretora da VISÃO, Mafalda Anjos, ocorrida há dois anos, que demos honras de capa à história do homem que nunca deixou de olhar o mundo a partir do Alentejo, provando-se assim, uma vez mais, que o local, como dizia Miguel Torga, “é o universal sem paredes”.