Há muitas formas de olhar para a “sucessão” de Jerónimo de Sousa na liderança do PCP. E todas, embora possam parecer aqui e ali contraditórias, têm afluentes de verdade. Mas vamos por partes. Os camaradas dizem que o escolhido, Paulo Raimundo, 46 anos, dá garantias de futuro dada a sua ligação aos trabalhadores e ao movimento sindical, curiosamente setores onde o partido vem perdendo influência, a braços com a sua maior crise eleitoral de sempre. Nas redes sociais, o deputado Bruno Dias não foi meigo no remoque aos que ignoram o perfil do novo secretário-geral: “Conhecem-no no Sado porque com ele enfrentaram agruras e viveram alegrias. Conhecem-no trabalhadores de arquitetura no Porto porque com ele se organizaram e juntaram forças. Conhecem-no motoristas de autocarro em Braga, bolseiros de investigação científica em Lisboa, agricultores no Douro, trabalhadores da hotelaria no Algarve, operários da refinaria de Matosinhos e Sines. Conhecem-no os construtores da Festa e da luta. Não o conhecem os editores das redações nem do Snob nem do Gambrinus”.
Ora, esta é uma perspetiva, a que alguns até juntaram uma conveniente e comovedora foto de Paulo Raimundo, de bebé ao colo (é pai de três filhos), durante um debate realizado numa das útimas edições da Festa do Avante!. Legendam-no como homem para toda a obra. E nas entrelinhas está a sua ligação ao terreno laboral que o partido terá de reconquistar se quiser sobreviver com algo mais do que os minímos num tempo em que até o Chega já sonha com uma central sindical.