Se em agosto não acontece nada, “o que faria se acontecesse” pensará António Costa. Foi uma semana horribilis, para o Governo. Primeiro, a contratação pelo Ministério das Finanças, mal explicada, mas por preço elevado, de um consultor externo, para desempenhar funções vagas que, a serem concretizadas, duplicam as de uma estrutura – a PlanApp – da administração pública já formada pelo próprio Governo. Confrontado, Costa diz que o assunto está morto e enterrado e que ele, Costa, só tem de gerir o seu gabinete, não o dos ministros. E o Governo, quem é que o gere?… O assunto está vivo e continua a ser desenterrado todos os dias, com crescentes revelações de uma espécie de teia a envolver Fernando Medina e a Câmara de Lisboa, por si gerida. Depois, vieram as declarações insólitas de uma ministra acossada pelos factos, sem qualquer noção do que é fazer política e, quiçá, revelando laivos de falta de cultura democrática. Ora, Luís Montenegro, na primeira fase do seu consulado à frente do PSD, parece ter nascido com o dito cujo virado para a Lua: na semana em que seria entronizado em congresso, recebeu de bandeja, do Governo, o caso do despacho revogado do ministro Pedro Nuno Santos, a propósito do novo aeroporto de Lisboa. E na semana em que faria a sua rentrée política, durante a tradicional Festa do Pontal, o líder do PSD recebe o bónus da inexplicável – ou, pelo menos, inexplicada… – nomeação de Sérgio Figueiredo. Para aumentar a confusão, repesquem-se as declarações da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, confrontada, pelos jornalistas, com as queixas da CAP devidas à alegada falta de apoios aos agricultores, em ano de seca e de inflação: “Perguntem à CAP por que razão desaconselhou o voto no PS…” Na sua rentrée, Montenegro traduziu por miúdos: quem apoia o PS é apoiado. Quem não apoia, que vá ao Totta. Ou, citando um antigo dirigente, “quem se mete com o PS, leva”.
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