No Fado houve Amália. Na cozinha tradicional portuguesa, Maria de Lourdes Modesto. Nem de propósito, as duas até pensaram montar um restaurante. Imagine-se o céu na voz e o céu na boca. Juntos. Eram ambas divas inimitáveis que, nos respetivos talentos e ofícios, todos, ainda assim, tentavam imitar. Sem sucesso. De tão superlativas, Amália e Maria nunca poderiam dar origem a novas Amálias ou Marias. Mas são indissociáveis, ainda hoje, da inspiração necessária a muitos sonhos, individualidades e identidades consagradas ou em construção. Neste caso, à mesa. Talvez por isso, o legado de Maria de Lourdes Modesto continua a ter, na hora da sua morte, aos 92 anos, um aroma de frescura, de modernidade e de futuro, tão saboroso, apelativo e assombroso como um daqueles inéditos de Amália que o Frederico Santiago teima em garimpar nos arquivos da Valentim de Carvalho.
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