As imagens são reveladoras do clima sereno e tranquilo que se costuma observar nas cidades japonesas. Nelas, vê-se o homem mais marcante da política japonesa das últimas décadas a discursar, num cruzamento de duas ruas, na cidade imperial de Nara, perante uma pequena multidão ordeiramente disposta à sua volta. Em cima de um pequeno palanque, com não mais de meio metro de altura, e rodeado apenas por meia dúzia de colaboradores e sem segurança aparente, Shinzo Abe participava, de microfone na mão, numa ação de campanha para as eleições legislativas do próximo domingo. Tentava convencer as dezenas de eleitores reunidos à sua volta a votarem em Fumio Kishida, o seu sucessor à frente do governo japonês, quando decidiu retirar-se, abruptamente, em setembro de 2020, devido a problemas de saúde. A serenidade foi abalada, cerca das 11h30 locais, por dois estrondos, e as imagens deixam de ser nítidas. Tornam-se confusas e depressa ficam terríveis, quando se percebe que os barulhos que se ouviram foram os de dois tiros disparados contra as costas de Shinzo Abe, que foi levado para o hospital em estado muito crítico. De tal forma que, poucas horas depois, foi mesmo avançada a informação de que o antigo primeiro-ministro já não tinha “sinais de vida”.
Visão do Dia: Dois tiros na serenidade japonesa
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