Em circunstâncias normais, os americanos estariam hoje a festejar o seu principal feriado nacional, alusivo à declaração de independência face ao Reino Unido, a 4 de julho de 1776. Só que estes são tempos estranhos, pouco propícios a celebrações. As clivagens ideológicas do país tendem a agravar-se e embora a maioria dos cidadãos (52%) acredite que reside numa das maiores nações do planeta, mais de dois terços (68%) consideram que os EUA são agora menos respeitados do que no passado e estão manifestamente num rumo errado, de acordo com os dados mais recentes do Pew Research Center. Os efeitos da pandemia de Covid-19 (1 milhão de mortos), o ataque ao Capitólio (a 6 de janeiro de 2021), a humilhante retirada do Afeganistão (a 15 de agosto de 2021), o racismo e a violência policial, e a forma como nas últimas semanas o Supremo Tribunal desafiou a Administração de Joe Biden e se impôs ao poder político – derrogando o direito ao aborto ou limitando o combate às alterações climáticas e ao lobbie das armas – vieram demonstrar que a democracia do Tio Sam já conheceu melhores dias. Para tornar o cenário ainda mais polarizado e tóxico, Donald Trump admite formalizar a qualquer momento a sua intenção de regressar à Casa Branca em 2024, uma jogada tática para se antecipar aos resultados do comité que investiga a violência no Capitólio e que poderá conduzir a ações legais contra o ex-Presidente por alegados crimes de sedição e conspiração.
VISÃO DO DIA: Feriados, férias, conspirações e demónios
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