António Ribeiro Ferreira (1949-2022), foi um dos grandes diretores de jornais. Diretor adjunto do Diário de Notícias, no ano 2000 abriu a porta do Diário de Notícias a um estagiário deslocado do Porto com a missão de dar apoio à secção de desporto do jornal. E se esse estagiário já desejava, há muito, ser jornalista, com mais vontade ficou depois de ver o Ribeiro Ferreira, assim era chamado, de cigarro na mão (sim, nesse tempo fumava-se nas redações) a calcorrear a redação do DN à procura de notícias juntos dos editores e jornalistas. Quando não se entusiasmava, sentava-se no seu gabinete, jornalisticamente decorado com uma muralha de papel em cima da secretária e cuja porta raramente se fechava, procurando por “novidades” ao telefone. A primeira página era fundamental. Um bom título, uma boa entrada.
Morreu um excelente jornalista, um dos melhores da sua geração, com muito para, sobretudo hoje, ensinar a uma geração de jornalistas que parecem confundir o ofício com a ocupação de “influencer”, seja lá o que isso for. Com o Ribeiro Ferreira aprendia-se que a estrela era a notícia e não o jornalista. Ribeiro Ferreira deixou-nos ainda uma expressão para memória futura: “Portugal, é um sítio cada vez mais frequentado”. Foi na sua época e continua a ser. Não há cerca sanitária que impeça a má vizinhança ou o aparecimento de figuras que, pela sua complexidade intelectual, teimam em não encaixar no conceito de normalidade. Miguel Milhão assumiu-se como uma destas personagens, achando que tinha alguma coisa a dizer à sociedade. Talvez pela ingestão em excesso dos suplementos, e outros componentes sintetizados que vende, no cérebro, como o Colagénio, o dono da Prozis perdeu completamente o controlo de si próprio. Em primeiro lugar, ficamos a saber que a empresa tem um podcast interno denominado “Conversas do Karalho”. Só por aqui se percebe que nem eles se levam a sério e, muito provavelmente, os suplementos da Prozis contêm de tudo um pouco, menos o suplemento anunciado.