“Quem me dera que o meu problema fosse o senhor ministro da Administração Interna. Significa que eu não tinha problema, porque tenho um excelente ministro da Administração Interna”. A defesa intransigente que António Costa fez do então ministro Eduardo Cabrita no Parlamento, num momento de caos com os imigrantes infetados nas estufas de Odemira e a confusão nos festejos do Sporting, levantam dúvidas sobre os motivos para que Marta Temido ainda não tenha merecido do primeiro-ministro um semelhante férreo amparo, desde que começou a crise nas urgências hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
É claro que os governantes acossados tendem a não conseguir ter o sangue-frio nos momentos difíceis – todos nos lembramos de Cabrita a bater com um dedo num microfone aquando do caso das golas antifumo. E à ministra da Saúde, no início da atual crise nos hospitais, em nada ajudou fechar o rosto à frente das câmaras de televisão – talvez contrariada por ter interrompido as férias! Porém, não se entende muito bem por que a mesma Marta Temido que mereceu que o líder do PS lhe prestasse um enorme reconhecimento no congresso do PS, em Portimão, há quase um ano, pelo trabalho realizado durante a pandemia, apenas tenha tido Belém a defendê-la por estes dias.