Embalados pela transparência americana – alicerçada no princípio de que o povo tem o direito a saber o que se passa/a estar informado – vimos, num “streaming” à escala mundial”, o terror de um caso de violência doméstica. Sem discutir o mérito da decisão, nem alinhar na habitual dicotomia “team Johnny ou team Amber, como se a vida fosse um jogo de futebol, em que as claques disputam entre si quem faz mais barulho, o caso deveria, isso sim, servir como ponto de partida para uma acção mais incisiva sobre o fenómeno.
É que, enquanto, ainda hoje, perdemos tempo em análises e opiniões sobre os dois desgraçados atores, em Portugal mais duas mulheres morreram a tiro: Sílvia Mendes, 45 anos, e Celestina Ferreira, 51 anos. Ambas, a avaliar pelas notícias, morreram por motivos fúteis, elevando para 13 o número de mulheres mortas em contexto de violência doméstica desde o início do ano, apenas menos três do que durante todo o ano de 2021.