“O PSD, como o nome indica, é social-democrata. Não é de esquerda, nem de direita, nem socialista, nem liberal, e o partido também não é um albergue espanhol onde cabem cá todos, quanto mais melhor.” A frase é de Rui Rio, pouco depois de tomar posse como presidente do partido em 2018, e faz alusão a uma crítica comum do início ao fim do seu mandato: mas afinal, o que é o PSD e para quem fala?
A questão esteve sempre presente no partido catch all e volta com especial força à baila sempre que há eleições, externas ou internas. Agora que se enfileiram dois candidatos nesta demasiado longa e pouco entusiasmante sucessão, o tema impõe-se. Ontem foi dia de Luis Montenegro, dado como favorito, oficializar a sua candidatura, avisando que não será “cúmplice da perpetuação do PS” no poder. A ideia é de evidência mediana: o PSD tem de liderar a oposição e aspirar a ser governo. A moção de Montenegro defende que “este não é o tempo para lamúrias nem para perder tempo com quem pensa que o PSD está condenado ao definhamento”, insistindo que “o PSD pode e vai voltar a ser o maior partido português”. O problema é, chegados aqui – depois de perder eleitorado e se afastar de grupos demográficos como os eleitores mais velhos, os de mais baixas qualificações e os funcionários públicos –, como lá chegar. Luis Montenegro deixa claro que, ao contrário de Rui Rio, não se dispõe a ser uma muleta do PS nem se propõe a “se subalternizar na mera expectativa de que poderá influenciar as políticas socialistas.”