Quando nos perguntamos o que é a Europa, para além de um espaço geográfico em relação ao qual nada fizemos para integrar, uma resposta comum tende a centrar-se num conjunto de valores que nos aproximam. Estado de direito, direitos humanos, eleições livres, tolerância, são alguns dos pilares que gostamos de reconhecer em nós próprios, europeus. Mas a História ensina-nos que, antes de tudo isso, houve um interesse económico a criar uma união europeia, e que os valores são muito bonitos mas nem sempre são suficientes para superar as naturais tensões de um mundo complexo.
Ontem, enquanto em Estrasburgo se comemorava o dia da Europa ( marcando a proposta inicial para a criação do que viria a ser, no início dos anos 50, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), em Moscovo Vladimir Putin representava um papel muitas vezes visto, e cujo simbolismo não é de todo irrelevante. A Rússia celebrou, como habitualmente a 9 de Maio, o Dia da Vitória, do exército vermelho (e dos aliados) sobre as tropas de Hitler. O contraste entre as duas cerimónias não podia ser mais eloquente.