Numa atividade contemporânea muito útil e proveitosa para todos (sim, estou a ser irónico) chamada “debater com estranhos nas redes sociais”, lembro-me de argumentar que não era, de todo, boa ideia levar o País para um cenário de eleições legislativas antecipadas “em plena pandemia”. Alguém achou muita graça a esta expressão, refutando-a. Lembro que quando o Orçamento de Estado para 2022 foi chumbado na Assembleia da República (a 27 de outubro, há exatamente três meses), os novos casos de doença contabilizados diariamente não ultrapassavam os mil e, com o sucesso geral da vacinação, instalava-se a ideia de que podíamos começar a deixar de pensar na pandemia como um grande problema. Mas, então, a palavra “Ómicron”, com a sua sonoridade de ficção científica de segunda categoria, ainda não significava nada para nós. Ontem, 26 de janeiro, Portugal atingiu um novo recorde de casos confirmados, 65.578, e 47 óbitos. O quadradinho (“matriz de risco”) apresentado por António Costa em março do ano passado, tem que ser agora aumentado para dimensões absurdas para conter as novas estatísticas diárias.
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