Assim como quem não quer a coisa, sem qualquer pré-aviso, António Costa deixou-se de eufemismos, quebrou o feitiço e, desde então, não tem parado de dizer as palavras mágicas com todas as letras: M-A-I-O-R-I-A A-B-S-O-L-U-T-A. Nesta segunda, 17, no debate que reuniu todos os partidos com representação parlamentar, o atual chefe de Governo repetiu o mantra da estabilidade e assumiu, com clareza, que deseja uma maioria “absoluta”. E já ontem, 18, após uma aterragem difícil, por razões meteorológicas, em terras madeirenses (episódio que se prestou a todas as interpretações políticas…), voltou a pedi-la pela primeira vez num comício. “Precisamos de estabilidade, que só é possível com uma maioria do PS. Por isso, não devemos ter medo das palavras e falar com franqueza”, proclamou Costa, num auditório do Machico cheio como um ovo.
De repente, fez-se luz! Ainda na semana passada, no debate televisivo com Rui Rio (impressionante: o frente-a-frente foi visto por 3,2 milhões de portugueses, a que corresponde a um share total de 59,9%), o primeiro-ministro falava na hipótese de fazer um acordo com o PAN, recordando também os governos de maioria relativa de António Guterres.