O economista brasileiro Joel Pinheiro da Fonseca escreveu esta segunda-feira, na Folha de São Paulo, sobre as eleições presidenciais no seu país, agendadas para o outono do próximo ano. O título da prosa fala por si: “2022 vai ser pior, e a guerra está apenas começando”. A tese do colunista é que Lula da Silva, que ocupou o Palácio do Planalto entre 2003 e 2010, não pode dar a vitória como certa, mesmo que as sondagens o apontem como claro favorito e com o dobro das intenções de voto de qualquer outro candidato. Quanto ao atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, de acordo com todos os estudos de opinião, será expulso de Brasília porque perde contra qualquer adversário na segunda volta. Na opinião de Joel Pinheiro da Fonseca, Bolsonaro pode muito bem inverter estas tendências por dispor de uma poderosa máquina de campanha e contar com quem saiba gerir e radicalizar as redes sociais. Daí que o antigo militar tenha conseguido que dois milhões de pessoas – ou trolls – votassem nele como Personalidade do Ano da revista Time.
Argumentação razoável ou puro pessimismo? Nos dias que correm, entre anormalidades pandémicas e balanços dos 12 meses transatos, é muito mais fácil ser um arauto da desgraça do que um profeta do otimismo. É verdade que a Covid já matou, pelo menos, 5,3 milhões de pessoas em todo o mundo mas as vacinas estão a provar a sua eficácia, até contra a maldita ómicron. As mudanças climáticas são uma realidade indesmentível mas é dificil escapar à “ecoansiedade” quando olhamos para o mais recente trabalho gráfico do New York Times sobre o assunto. China e EUA andam às turras por causa de Taiwan mas um confronto bélico traria mais prejuízos do que benefícios. A Rússia já deu a entender que o mundo pode assistir a uma reedição da crise dos mísseis, mas ao invés do que aconteceu em 1962, por causa de Cuba, a ameaça do apocalipse nuclear é um trunfo do Kremlin para se intrometer nas querelas hegemónicas entre Washington e Pequim.