Após um ano e oito meses de pandemia, só os muito pessimistas poderão dizer que estamos na mesma. Objetivamente, não estamos: já percebemos como nos proteger, aceitamos a vacinação, testamo-nos com facilidade, usamos máscaras, mantemos o distanciamento social, reduzimos os contactos ao mínimo e ao indispensável, se for caso disso. Àqueles que acusam estas medidas de serem extraordinariamente retrógradas, convém ainda lembrar que foi assim que defendemos os mais frágeis e os mais vulneráveis das artimanhas de um vírus que teima em passar por entre as frinchas da proteção vacinal. E isso, parecendo pouco mais do que nada, trata-se de um considerável avanço civilizacional: concordarmos, de forma coletiva, em proteger os mais fracos (pelo menos na região do mundo em que nós temos a sorte de viver).
Dito isto, não deixa de ser chocante o modo como continuamos a tratar as duas importantes faixas etárias: os velhos e as crianças. Aos primeiros, privando-os de se relacionarem com os mais próximos; aos segundos, apertando-lhes o cerco como no princípio da pandemia, como se, desde então, não tivéssemos aprendido nada. Os cínicos dirão que velhos e crianças – que não só não têm voz como ninguém os defende – não contribuem para o erário público nem deixam votos nas urnas.