Negociar com um ditador nunca é fácil, lidar com dois nem se fala. Esta quarta-feira, Angela Merkel viu-se obrigada a pegar no telefone e a ligar para o Kremlin, por causa da crise migratória e geopolítica que opõe a Bielorrússia à União Europeia (UE). Ainda antes do mundo saber que a chanceler alemã e Vladimir Putin discutiram o assunto, o ministério da Defesa russo, citado pela agência Ria Novosti, fez saber que dois bombardeiros estratégicos Tupolev TU-22M3, tinham recebido ordem de marcha para patrulhar o espaço aéreo bielorrusso. Com tais manobras, o Presidente da Rússia enviava um sinal claro a Bruxelas, aos Estados Unidos e à NATO: o homem que manda em Minsk desde 1994, Alexander Lukashenko, frequentemente descrito como “o último ditador da Europa”, é um amigo de Moscovo. Praticamente à mesma hora, em Washington D.C., após ser recebida na Sala Oval por Joe Biden, Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, acusou o regime de Minsk de ser o principal responsável pela situação dramática em que se encontram milhares de pessoas na fronteira que separa a Bielorrússia da Polónia e que pretendem entrar na UE. “Um ataque híbrido”, insistiu, que já levou o Governo de Varsóvia a mobilizar cerca de 15 mil militares e polícias para conter a massa humana com origem em diferentes países africanos e do Médio Oriente. Von der Leyen garante que a Bielorrússia está a conceder vistos de turistas a cidadãos de uma vintena de países que, a troco de quantias elevadas (mais de cinco mil euros) viajam de avião para Minsk e são depois encaminhadas para a UE.
Polónia, Letónia e Lituânia (esta última decretou terça-feira o estado de emergência) estimam que, desde maio, quando Lukashenko anunciou que iria permitir o livre trânsito de migrantes rumo à UE, mais de 30 mil requerentes de asilo entraram nos seus territórios.
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