Tenho um amigo que se lamenta constantemente que os outros não o sabem fotografar convenientemente, de forma a apanhar os seus alegados melhores ângulos. Mesmo que se tente convencê-lo de que a imagem é fiel, responde depois que não o queremos ver a brilhar em fotos no Instagram. Vem esta história à liça para admitir que os nossos estadistas não saíram bem nos retratos dos últimos dias, no filme da proposta orçamental; algo que é da inteira responsabilidade dos visados e não de quem está do lado de cá a capturar a essência aos nossos representantes na arena política.
Se, ladeado por ministros esgotados que deveriam ter sido remodelados antes do verão, António Costa tenha querido passar a imagem de um primeiro-ministro disponível para atender aos pedidos de uma esquerda ingrata, que não lhe reconheceu o crédito pela quebra do tal muro do “arco da governação”, o primeiro-ministro deveria ter evitado antes ficar naqueles retratos em que mostrou que estava mais interessado na conquista de uma maioria absoluta do que na continuidade da aliança com uns partidos que abdicaram do fácil protesto nas ruas.