Pouco passava da uma da manhã quando António Costa desceu do seu gabinete do Largo do Rato para fazer a sua declaração “de noite eleitoral”. Nessa altura, numa noite imprópria para cardíacos, ainda não se sabia ao certo qual o resultado em Lisboa, mas se o secretário-geral do PS falava, mesmo assim, isso significava, para um observador mais atento, que o seu partido tinha perdido a capital. Ao antecipar a declaração, Costa evitava ser diretamente confrontado com esta surpreendente derrota num concelho onde ele próprio já conseguira, em 2013, mais de 51% dos votos. E as perguntas dos jornalistas esvaziariam toda a outra mensagem que ele pretenderia passar. Ao discursar antes do temido desfecho ser conhecido oficialmente, António Costa seguiu uma máxima de Henry Kissinger, quando aconselhou o presidente Nixon a abandonar o Vietname: “Declarar vitória e retirar”.
Costa seguiu a cartilha delineada logo no início da noite: “O PS ganha as terceiras eleições autáquicas consecutivas”. Mas se a perda de algumas câmaras importantes (Coimbra, Figueira da Foz, Funchal, Barcelos…) foram revezes duros, mas talvez esperados, e se a descida em número de municípios, de 165 para 147 (ao todo, 18, um bom bocado mais do que a gestão de expetativas socialista admitia…) empalidecia a vitória, o revés na capital é uma humilhante derrota política do partido e uma amarga derrota pessoal para o líder do PS.
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