Desapareceu aquele que foi um dos principais responsáveis pelo fim do Estado Novo e pelo Portugal moderno. “Inconformista e temperamental”, como se descrevia, Otelo Saraiva de Carvalho morreu, aos 84 anos. O percurso da figura máxima do Comando Operacional do Continente (COPCON), que tinha “Óscar” como nome de código na “Operação Fim de Regime”, foi aplaudido à esquerda, apesar de nunca ter tido um apoio nítido e expresso por parte do PCP como outros Capitães de Abril, e tolerado à direita, para quem o papel fulcral no fim do regime ficou manchado pelo processo das FP-25 de Abril, com a condenação, em 1987, por associação terrorista – entretanto amnistiada pelo Parlamento, há 25 anos.
Otelo tinha em si as características dos seres humanos mais inconformados – labiríntico e complexo -, que o levaram a ter tão diferentes reações no anúncio do seu desaparecimento. “Profundas clivagens”, como descreveu Marcelo Rebelo de Sousa, que disse que ser ainda “cedo” para a história “apreciar com a devida distância” aquele a quem devemos o Óscar da Liberdade. Leia no site da VISÃO o conjunto de artigos sobre Otelo.