Se o mundo tivesse sido minimamente previsível no último ano e meio, por estes dias estaria a começar o Festival NOS Primavera Sound, no Porto. É, talvez, o meu festival preferido, na sua mistura de um cartaz sempre desafiante e equilibrado e de um espaço, o Parque da Cidade, que parece ter sido pensado para aqueles dias. Mas este texto não é sobre música e o regresso dos grandes concertos e festivais. Aliás, a divulgação do cartaz para 2022 do Primavera Sound, deixa-me estranhamente quase indiferente, como se fosse só um ritual abstrato e desligado da realidade.
E por falar em “desligado da realidade…”. Estava aqui a pensar que, deitado na relva do Parque da Cidade, em 2019, seria impossível, para mim e para todos ali à volta, imaginar um acontecimento qualquer que obrigasse ao cancelamento daquele festival, e de todos os outros, já nos dois anos seguintes. Uma guerra mundial? Uma crise profunda? Nunca me ocorreriam e pensaria ainda menos numa pandemia… E, no entanto, aqui estamos. À espera de melhores dias. Espanta-me que, tantos meses depois, ainda subsistam (às vezes até parece que ganham força) diversas espécies de “negacionistas”.
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