A Cáritas Portuguesa apoiou, em média, 13 448 pessoas carenciadas por mês em 2015, ano em que registou 161 379 atendimentos, mais 771 relativamente ao ano anterior (0,5%), segundo dados do Núcleo de Observação Social (NOS).
O número de famílias apoiadas também aumentou ligeiramente, passando de 63.059, em 2014, para 66.386, em 2015, uma subida de 5%, adiantam os dados enviados pelas vinte Cáritas Diocesanas exustentes no país ao NOS.
Contrariamente ao que aconteceu em 2014, em que os atendimentos tiveram um “crescimento muito significativo” face ao ano anterior (mais 19% de famílias e 15,5% de pessoas), em 2015 os valores mantiveram-se próximos aos do ano anterior, refere o relatório publicado no site da organização da igreja católica.
“Tal constatação permite concluir que em 2015 houve uma estabilização nos valores dos atendimentos reportados após o grande crescimento verificado em 2014 face a 2013”, sublinha.
Segundo os dados, os problemas relacionados com o baixo rendimento, as dívidas com água, gás, alimentação, entre outros, continuam a motivar o maior número de pedidos de ajuda, representando um terço dos apoios dados em 2015.
Os problemas relativos ao trabalho (desemprego, emprego clandestino, trabalho precário, salários baixos ou em atraso, trabalho infantil, discriminação) motivaram 23% das solicitações feitas à instituição.
Nove por cento dos atendimentos destinaram-se a ajudar problemas relacionados com a família e outros 9% para apoiar casos relacionados com a habitação.
Os problemas relacionados com a saúde e a escolaridade têm valores inferiores, com 6 a 8%, assim como a integração social e o grupo sociocultural, com 2 a 3% do total dos atendimentos.
Contudo, houve algumas dioceses que registaram uma distribuição “algo diferente dos grupos de problemas, como é o caso de Bragança/Miranda”, em que a escolaridade aparece em segundo lugar.
Há ainda dioceses (Braga, Évora, Guarda, Porto, Santarém e Setúbal) em que os problemas relacionados com a saúde têm um peso superior à média.
Segundo o último Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, divulgado em Dezembro pelo Instituto Nacional de Estatística, 19,5% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2014, igual ao valor estimado para 2013.
O relatório da Caritas Europa End Poverty in Europe: Our solutions to make it happen, lançado no passado dia 14 de abril, na Holanda, refere que existem actualmente, na Europa, cerca de 123 milhões de pessoas em situação de pobreza.
Para a Cáritas Europa, esta situação não é resultado de um mero “azar” ou de um acaso na vida dos cidadãos, mas é sim produto da opção que tem sido feita por políticas que têm como prioridade a recuperação da crise económica e financeira de 2008, ao invés de uma abordagem às consequências desta crise que afecta, ainda, milhões de pessoas em toda a Europa.
O documento contribui com 18 recomendações para o debate sobre novos modelos europeus de assistência social, construídos sobre a inclusão social, investimento e protecção social, bem como sobre os direitos humanos e sociais.
É com base nestes modelos que a Cáritas Europa acredita que a acção política seria mais eficaz, principalmente junto dos cinco grupos mais vulneráveis ao risco de pobreza: desempregados de longa duração, trabalhadores pobres, famílias monoparentais, migrantes e refugiados e as crianças.