Não é por acaso que o documentário da jornalista Ana Luísa Oliveira e do fotojornalista Rui Oliveira, com produção da Pixbee, se chama “2 Metros Quadrados”. É esse o espaço médio de que um sem-abrigo dispõe para se deitar e dormir, quando acaba o seu dia, e é esse o tema do filme que será exibido a 28 de maio, em Lisboa, no Auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro, pelas 21h30.
O documentário estreou no Porto a 20 de novembro, no Instituto Português de Fotografia, numa sessão que teve lotação esgotada com mais de 150 pessoas a marcarem presença. Nasceu para dar “voz aos que vivem à margem da sociedade, aos que criticam o sistema e os apoios do Estado, que mostram como (não) funciona a rede de integração, que falam sobre as respostas sociais, muitas vezes, ineficazes, e que estão a conservar as pessoas na rua”, explica a nota de imprensa.
Um dos casos de novos sem-abrigo retratatos neste filme é o de Daniel Horta Nova, um jornalista que foi parar às ruas, onde acabou por escrever o livro “Farrapos de Alma”, que o ajudou a sair dessa experiência de pobreza envergonhada.
Mas as histórias de Ana Luísa e Rui Oliveira não têm só gente. Também têm espaços, alguns muito degradados, como é o caso de uma igreja que serve de teto a quem o procura. E têm revelações. “Toda a gente traz comida aos sem-abrigo. Nós deitamos comida fora”, diz um dos entrevistados. “Mas ninguém traz um médico, um psicólogo ou um dentista”. Um reflexão que importa ouvir e ver.