Na última sexta-feira, 17, fomos ao Porto conhecer três sonhadores especiais, entre os 21 e os 23 anos, que foram escolhidos pelos leitores da VISÃO.pt para receber o valor angariado em banca com a venda da última edição VISÃO Solidária, em novembro de 2014. Juntos sonharam a U.Dream, uma organização sem fins lucrativos que funciona como uma máquina para realizar os desejos de crianças internadas no Instituto Português de Oncologia do Porto e na Casa Raríssimas da Maia. Sonharam-na e concretizaram-na, há pouco mais de um ano, com outros alunos da Universidade do Porto, para ser uma espécie de start-up social autossuficiente (o objetivo é estender a ideia, em breve, à Universidade do Minho e de Lisboa).
Os 50 cêntimos angariados com o apoio do Montepio e da VASP, por cada edição da VISÃO Solidária vendida em banca, vão agora ajudar esta equipa e realizar ainda mais sonhos. O cheque foi entregue na sede da U.Dream, junto à Faculdade de Economia da Universidade do Porto, onde, aliás, o projeto nasceu. A sede foi inaugurada há pouco mais de seis meses. Mas os sonhos das crianças, uns mais modestos que outros, começaram a ser realizados antes. Num ano, as contas mostram que já há 80 U.Dreamers (voluntários), 24 sonhos realizados, 40 empresas parceiras e uma equipa de 14 pessoas que diariamente marca presença no IPO. “O nosso trabalho distingue-se de outras organizações do género porque tem o objetivo de apoiar as crianças e as famílias antes e depois da concretização dos sonhos, durante um período de mais ou menos três meses”, explica Diogo Cruz, o fundador.
Exemplos? Há muitos. Luís, um jovem de 16 anos com cancro no fígado, foi sinalizado pela equipa de pediatras do IPO para ser apoiado pela U.Dream. Tinha um sonho simples: conhecer o futebolista Ricardo Quaresma. O desejo realizou-se e incluiu, além disso, um novo lar. É que, quase ao mesmo tempo que Luís teve uma recaída, a família soube que ia ficar sem teto. A U.Dream não descansou enquanto não encontrou uma casa para alugar, duas empresas para financiarem o primeiro ano de rendas e voluntários para fazerem uma espécie de ‘Querido, Mudei a Casa’. “Mudámos a vida daquela família”, resume o padrinho, orgulhoso.
Os jovens que formam a U.Dream, estudantes de Economia e Gestão na sua maioria, prestam serviços de consultoria a micro-empresas como formas de financiarem esta empresa social.
Há também as quotas dos associados (€10/ano), que dão acesso a descontos especiais em lojas de empresas parceiras (de óticas a cabeleireiros). Diogo Mendes, presidente, diz que “todo este modelo de negócio foi pensado para que a U-Dream fosse viável daqui a dois anos”. Daqui a muitos mais, esperamos nós.