‘O Aumento da pobreza e das desigualdades’ é o título do relatório elaborado pela Cáritas Europa que cruza os dados do Eurostat com a informação recolhida junto das várias delegações da Cáritas espalhadas pelo continente Europeu. O título é revelador das conclusões a que chegou a instituição. Os países analisados foram Portugal, Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Roménia e Espanha.
O estudo refere que, “a par de enormes níveis de dívida”, registam-se “enormes níveis de desemprego e um claro aumento dos indicadores de pobreza e exclusão social”. No ano passado, a taxa de desemprego em Portugal era de 16,4%, a quarta mais elevada do grupo analisado. Grécia ocupa o primeiro lugar com 27,3% de desemprego.
Além de uma taxa de desemprego superior à média europeia, os países mais afectados pela crise têm uma elevada taxa de desemprego jovem, os primeiros lugares são ocupados pela Grécia (58,3%) e Espanha (55,5%), estando Portugal na sexta posição com 38,1%.
A Cáritas critica as opções da União Europeia que assenta as suas políticas no crescimento económico e na inovação, “insuficientes para combater as enormes desigualdades geradas”, lê-se no estudo.
A análise da organização católica admite alguns progressos económicos, mas que não têm reflexo na vida das pessoas registando-se, inclusivamente, casos de aumento do nível de desigualdade.
“O objetivo da coesão social parece ter sido abandonado”, escreve-se no documento, que identifica as crianças como o grupo social mais afetado pela crise, até porque muitas famílias estão a cortar em bens essenciais como os alimentos. Também se registou um elevado aumento das taxas de emigração nos países sob assistência.
Relativamente a Portugal, os principais destaques são o facto de o país ter a segunda maior dívida pública, correspondendo a 128% do PIB – a dívida mais elevada é a da Grécia, com 174,9% do PIB. Os dois países mudam de posição no que diz respeito ao maior aumento da taxa de risco de pobreza e exclusão social que registou o maior aumento em Portugal (2,1 pontos percentuais), seguido da Grécia com 1,1 pontos percentuais.
A organização elenca uma longa lista de recomendações, da qual fazem parte uma melhor alocação dos fundos estruturais, disponibilizar fundos para combater o desemprego jovem ou criar um teto máximo de impostos para as famílias mais carenciadas.
O documento completo pode ser consultado aqui: .