Não, não é um criminoso reincidente. Filipe Lopes, 39 anos, é um contador de histórias que se rendeu à poesia há muitos anos, porque, em tempos, leu um texto que fez a diferença na sua vida (Devemos Andar Sempre Bêbados, de Charles Baudelaire).
O esquema base das suas sessões é simples: começa por provar que “toda a gente gosta de poesia “, com a ajuda de Ser poeta é, o poema de Florbela Espanca popularizado pelos Trovante, para depois tentar contrariar algum conformismo com a situação.
No final, já muitos reclusos se aproximam a querer mostrar-lhe os seus escritos. Um dos fundadores do coletivo O Contador de Histórias, Filipe Lopes trabalha desde 2004 a tempo inteiro na promoção do livro e da leitura, tanto em escolas como em hospitais e prisões. No início, teve o apoio do Instituto do Livro mas, depois, passou a fazê-lo de forma voluntária. Agora, luta pela sobrevivência do projeto. “É muito bom ter likes no facebook”, sublinha o autor, “mas isso não dá para abastecer o carro.” Como desistir não é com ele, já tem 50 sessões agendadas para 2015.
Declamar é viver
. Em breve, será lançado O lado de dentro do lado de dentro, com originais de Afonso Cruz, Richard Zimler e Alice Vieira, entre outros, cuja venda reverte por inteiro para o projeto. Há 100 exemplares autografados para quem encomendar até 23 de dezembro.
. Decorre ainda, e até 5 de janeiro, uma angariação de fundos, na plataforma de crowdfunding PPL.