Ao fim de 12 meses de terem sofrido um Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), 65% das pessoas continuam desempregadas ou reformaram-se, assim como 62% dos cuidadores não regressam às condições profissionais anteriores e referem o impacto negativo da situação na sua própria saúde (67%).
O estudo da Novamente, realizado com o apoio de vários centros hospitalares das regiões de Lisboa e Porto (Centro Hospitalar de São João, Centro Hospitalar do Porto – Hospital Santo António, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, Hospital Garcia de Orta e o Centro Hospitalar Lisboa Norte, E.P.E. – Hospital de Santa Maria), pretende contribuir para o debate em buca de soluções que contribuam para a qualidade de vida dos doentes e dos seus cuidadores.
Apesar de haver uma tendência descendente, continuam a ser diagnosticados cerca de 3 mil TCE por ano, havendo uma elevada incidência na faixa etária dos 20 anos, provocada por acidentes rodoviários. No caso dos jovens, “não existem recursos de apoio nem acesso a multiterapias, lares de acolhimento ou reinserção na vida ativa. Logo, o cuidador passa, na maioria dos casos, a ser 100% responsável pela vida da vítima e passa ele próprio a sofrer sequelas a nível socioprofissional assim como a nível da sua saúde”, afirma a diretora executiva da Novamente, Teresa Bonvalot, alertando para a necessidade da criação de programas de reinserção socioprofissional ou ocupacional.
O estudo conclui, também, que 82% dos pacientes não tem acesso a terapia de reabilitação, o que dificulta ainda mais o acesso ao mercado de trabalho.
Dificuldades que, muitas vezes, provocam quadros clínicos de depressão (76%) e alterações comportamentais (80%).
A análise da Novamente, que apoia vítimas de TCE e seus familiares em Lisboa e Porto, mostra que as consequências do traumatismo se estendem aos cuidadores, que também sofrem com a ausência de cuidados de reabilitação.
Nos últimos 25 anos, mais de 275 mil pessoas terão sofrido um TCE grave em Portugal e vivem com sequelas. As quedas são a causa mais frequente (59%), seguidas de acidentes de viação, de desporto e agressões.