Consideramos a ” família como a rede alargada de parentes (que podem ser de sangue, de direito, de aliança ou de facto) com quem o idoso mantém relações e interações mais ou menos intensas”. Normalmente a família cuida do seu familiar idoso em duas situações: inesperadamente, por motivo de um acidente súbito (queda, doença ou acidente); ou como resultado de um processo progressivo de deterioração das capacidades do idoso. Habitualmente são os familiares femininos que cuidam dos idosos (cônjuge, filha ou nora).
Estes cuidadores informais têm boa vontade, mas frequentemente, falta-lhes conhecimento e formação para cuidar dos seus familiares e também não se sabem proteger das consequências que este cuidado apresenta ou pode apresentar (desgaste emocional, cansaço físico e psicológico, conflitos latentes, frustração, etc). Um estudo recente da DECO indica que “muitos familiares aceitam a tarefa por falta de alternativa ou obrigação moral, mas esquecem-se de cuidar de si. Revelam ansiedade, falta de concentração, vontade frequente de chorar, revolta, cansaço, insónia ou tonturas”. De facto, apesar de todo o amor e boa vontade, cuidar de um familiar idoso, especialmente se for portador de demência, é uma tarefa extenuante e contínua, digna de toda a admiração e respeito.
Existe, no entanto, a convicção geral de que a família não quer ou não gosta do idoso. Os estudos efetuados demonstram que esta convicção não corresponde à realidade, a investigação que tem sido realizada em Portugal contraria esta ideia, mostrando que a família constitui ainda o grande suporte do cuidado ao idoso. No nosso país 42,6% (INE, 2009) dos idosos vive com a família ou com o cônjuge e, as famílias portuguesas são na Europa, as que mais cuidam dos idosos em sua casa. Este cenário justifica-se pela ausência de respostas sociais formais, por fatores económicos e hábitos culturais.
Assim fica demonstrado que os idosos portugueses, ao contrário do que é frequentemente veiculado, inclusive nos meios de comunicação (nomeadamente com notícias acerca do abandono de idosos nos hospitais) são cuidados pela família que ampara, gosta e acarinha os seus familiares idosos. Também sabemos que existem muitos idosos isolados e sós, mas perante o universo de 2 milhões de idosos, estes são felizmente casos pontuais. O que gostaríamos mesmo de ver em Portugal eram políticas públicas de verdadeiro apoio aos familiares e às famílias que cuidam dos seus idosos.